A Campanha da Fraternidade 2018 trata da Superação da Violência, um tema atual, pertinente e que merece nossa atenção. As estatísticas da violência nos mostram que é preciso assumir o compromisso por uma cultural de PAZ. Um compromisso que não compete somente à segurança púbica, mas a todos nós, sociedade brasileira.
Conforme o IPEA, apesar de possuir menos de 3% da população mundial, o Brasil responde por quase 13% dos assassinatos do planeta. Em 2014 foram 59.627 mortes. O texto base da Campanha da Fraternidade diz que é preciso ver a realidade da violência.
Neste sentido faz uma ressalva que tendo suas residências guardadas por cercas elétricas, guaritas e vigias, cada vez mais as pessoas se isolam e sentem nisso uma falsa sensação de segurança. O outro é afastado. Mantêm-se distância não só do inimigo, mas também dos possíveis amigos, como os vizinhos. Eis aí um dos maiores desafios contemporâneos no campo da segurança pública: garantir que as políticas públicas tenham em vista o aumento da solidariedade entre as pessoas, ao invés de enclausurá-las, criando empecilhos ou mesmo impedindo relações interpessoais humanizadas.
O texto base também alerta para as diversas faces da violência. Conforme o documento, no mapa da violência 2016 constata-se que morrem muito mais pessoas negras que brancas. Isso pode ser verificado nos homicídios cometidos contra jovens. Em 2011 houve quase 28.000 assassinatos de jovens. Destes, quase 20.000 vítimas eram compostas por jovens negros.As vítimas mulheres também são significativas na violência. Em 2013 houve 4.762 assassinatos de mulheres, o que significa 13 mulheres mortas por dia no Brasil naquele ano. Numa lista de 83 países, o Brasil ocupa a quinta posição entre as nações que mais assassinam mulheres. O que é mais preocupante é que grande parte destes assassinatos acontecem no âmbito doméstico.
A pobreza – miséria, na verdade – é uma das piores formas de violência que uma criança pode enfrentar. É desta camada da população que os traficantes de pessoas encontram suas vítimas para a exploração sexual, comércio de órgãos, pornografia infantil, tornando o ser humano numa mercadoria.
Outra face da violência do Brasil atual é o narcotráfico, aponta o texto base. Os barões internacionais do tráfico são poupados. Pobres, negros e usuários das drogas são presos e jogados em prisões que jamais vão recuperá-los por não ser esta a preocupação central. Os presídios e cadeias brasileiros estão com superlotação de pequenos traficantes com idade entre 18 e 29 anos, cuja maioria não completou o ensino fundamental. Quase 70% das mulheres presas no Brasil estão nos cárceres por conta do tráfico de drogas.
O documento ressalva ainda que infelizmente o Brasil não tem uma política pública eficaz de combate às drogas porque não há promoção de emprego, cultura, educação e lazer para adolescentes e jovens são elementos vitais para este combate.Em outro trecho a sociedade é convidada a promover a cultura da diálogo e da PAZ, conforme o Concílio Vaticano II que diz: “Para edificar a paz é preciso eliminar as causas das discórdias entre os homens, que são as que alimentam as guerras e, sobretudo, as injustiças. Muitas delas provêm das excessivas desigualdades econômicas e do atraso em lhes dar os remédios necessários. Outras nascem do espírito de dominação e do desprezo pelas pessoas” (GS n. 83).
*Editorial publicado no jornal “O Celeiro”, Edição 1516 de 15 de fevereiro de 2018.