Censo 2018 divulga dados preliminares e indica Campos Novos como o Celeiro Catarinense

A previsão é de que até o final do ano todos os dados estejam disponibilizados para consulta pública

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atualizou recentemente o Censo Agropecuário das regiões aonde é possível conhecer o perfil do produtor rural e das culturas agrícolas predominantes em cada região. Iniciada no ano de 2017, a pesquisa foi feita em mais de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários em todo território nacional, levantando informações sobre áreas, produção, características de pessoal, e uso de agrotóxicos. Através dos dados é possível acompanhar o progresso dos estados e municípios neste setor tão importante para o país, e Campos Novos mais uma vez se destaca como o Celeiro Catarinense por ser o município que mais produz grãos no estado. Neste momento apenas os dados preliminares foram divulgados, a previsão é de que até o final do ano todos os dados atualizados serão disponibilizados para consulta pública.

Com base nos resultados preliminares, o município de Campos Novos, atualmente, tem cerca de 150.380,115 hectares de terra ocupados por 1.670 estabelecimentos agropecuários, destes, 1.419 pertencem aos produtores individuais, e 236 são pertencentes a consórcios e união de pessoas. Predominantemente masculina, a agropecuária do município tem 1.441 homens a frentes dos negócios, e apenas 214 mulheres. O uso do agrotóxico também é presente na maioria dos estabelecimentos, dos 1.670, 1.049 afirma fazer uso de insumos. E como já era de esperar, a grande maioria dos estabelecimentos trabalha com parentes, comprovando a agricultura familiar como grande responsável pela agropecuária. São 1.654 estabelecimentos que usam pessoal com laços de parentesco e apenas 409 ocupando pessoal sem laços de parentesco.

As lavouras existentes em Campos Novos são de culturas diversificadas, é possível encontrar plantações de uva, erva mate, figo, pêssego, ameixa, alho, amendoim, arroz, abóbora, mandioca, melancia, tomate, fumo, entre outros, mas o que se destaca na agricultura são mesmo os grãos, como milho, soja e trigo e aveia, alcançando, aproximadamente, 73.936, 864 hectares de área colhida. O chefe regional do IBGE, Sady Silvestrim, afirmou que houve um crescimento das áreas de lavoura de soja, e a safra de 2016 e 2017 foi considerada a melhor safra dos últimos anos. Sady também confirma o município sendo o maior produtor de soja e de grãos de Santa Catarina. Este fator é o que configura Campos Novos como o grande celeiro catarinense. As produções colhidas abastecem o município e o estado, mas também são exportadas para outros países.

A pecuária do município é também é um destaque, sendo comercializada para os mercados locais, nacionais e internacionais. Aqui se encontram estabelecimentos de criação de perus, patos, gansos, marrecos, assim como a criação bovina, bubalina, caprina, suína, asinina, equina e galinácea. O número de estabelecimento de criação de frangos e galinhas chegou a quase 1000, e somam 2.051.710 cabeças de aves, produzindo cerca de 7.503,962 dúzias de ovos por ano. A criação bovina chega a 57.462 cabeças, produzindo anualmente 27.951.656 litros de leite. Mas a criação com mais representatividade é a suína e a galinácea, juntos somam 2.268.036 cabeças.

Os números são grandes e representam muito trabalho, mas engana-se quem pensa que apenas os jovens estão envolvidos nas atividades do campo, os idosos ainda se fazem presentes na hora de colocar a mão na massa. Segundo o Censo, 549 produtores do município estão acima dos 60 anos. Outro levantamento interessante está relacionado a escolaridade dos produtores, dos 1.670, 711 tem apenas o ensino elementar (antigo primário), e 158 tem ensino superior completo e 239 tem o ensino médio completo. A maioria dos produtores possui alguma instrução escolar, apenas 51 deles nunca frequentou a escola.

Diante dos fatos, é possível perceber que Campos Novos é o município que mais se destaca dentre todos os que compõem a Associação dos Municípios do Planalto Sul de Santa Catarina (Amplasc). Campos Novos está em primeiro lugar em área de plantação e número de estabelecimentos, sendo seguido por Brunópolis com 28.000,301 hectares e Vargem com 28.000,259 hectares. Com relação ao número de estabelecimentos rurais, o segundo lugar fica com Vargem que possui 714 estabelecimentos, seguido de Abdon Batista que possui 693 estabelecimentos. Todos os municípios da Amplasc também tem a agricultura familiar como o carro forte dos estabelecimentos rurais. O município de Vargem possui 706 estabelecimentos que contam com pessoal com laços familiares, e Abdon Batista, conta com 692 estabelecimentos que possui mão de obra familiar.

Os números representam um grande crescimento em relação a pesquisa passada que aconteceu no ano de 2006. Neste período, de mais de dez anos, ocorreram alterações significativa. Com relação aos dados estatísticos é possível citar apenas algumas mudanças, como, por exemplo, a quantidade de estabelecimento, que era de 1447 e hoje já são 1.670, e as áreas que abrangiam esses estabelecimentos eram de 124.186 hectares, hoje alcançam 150.380,115 hectares de terra, indicando uma mudança progressiva no campo. O crescimento ficou ainda mais perceptível se comparado as toneladas de alguns grãos produzidos, de acordo com o censo de 2006, somando a soja, o milho e o trigo, foram produzidos 187.475 toneladas de grãos, já neste último Censo somados esses três grão, temos o equivalente 343.671,120 toneladas de grãos.

Os dados são de grande importância para definir as ações voltados para o crescimento do setor que é tão importante para o estado e para o país, eles servirão de base para que políticas públicas sejam implementadas para fomentar a área que tende a crescer ainda mais O avanço e crescimento municipal contribuem para alavancar a economia do estado e o colocam em uma situação privilegiada se comparado aos demais estado brasileiros. Santa Catarina tem se dedicado a investir em ações que promovem o avanço dos pequenos e grandes produtores.

Em visita a Campos Novos o Secretário de Estado da Agricultura e Pesca, Airton Spies, conversou com o jornal O Celeiro e elogiou o município dizendo que ele é um exemplo na região. “Campos Novos é um exemplo em produção, temos aqui um celeiro da produção do alimento, principalmente de grãos e de cereais. Temos também a conversão disso em proteína animal. Hoje 29% do PIB de SC é do agronegócio, e 60% desses 29% é proteína animal. Isso permite agregar valor, criar densidade econômica, e Campos Novos é um exemplo magnifico disso. A produção agrícola vai muito bem e a conversão dos produtos da produção agrícola em proteína animal também vai muito bem. E o potencial ainda é muito grande para melhorar, tem espaço para expandir, gerar mais empregos, e mais oportunidades e mais desenvolvimento. O município é um exemplo para o estado e para o Brasil. Precisamos manter o estado e os 295 municípios nessa trilha do desenvolvimento continuado”, explanou Spies.

“Pequenas propriedades, grandes negócios”.

Sobre o cenário estadual, as estatísticas apontam a evolução e riqueza de Santa Catarina. A produção do estado é inversamente proporcional a sua extensão territorial, um dos menores estados do Brasil apresenta a 6° economia do Brasil. São apenas 95 mil quilômetros, representando cerca de 1, 12% do território nacional, sendo o 21° em área, e a 12° população, no entanto os números e o tamanho não definem a economia do estado. Airton Spies, Secretário de Estado da Agricultura e Pesca, afirma que o mundo todo enxerga o estado como exemplo de competividade e competência. “O estado se tornou o maior produtor de suínos, de maça, de cebola e de pescado. Somos o segundo maior produtor de frangos, de arroz e de tabaco, e quarto maior produtor de leite no Brasil, ressalta. Diante deste cenário, representantes do estado de Santa Catarina já foram inúmeras vezes convidados a dar palestras em outros países para falar sobre a economia crescente do estado.
O secretário de estado também apontou a evolução da agricultura familiar, que deixou de ser sinônimo de agricultura pobre, e hoje o agricultor tem sido bem-sucedido em se conectar com as cadeias agroindustriais de mercado. Este avanço, segundo Spies é decorrente dos investimentos feitos no setor. “Não foi da noite para o dia que isso aconteceu, há uma história de desenvolvimento, de investimento em pesquisa, em extensão e em tecnologia. Isso nos permitiu ter acesso aos mercados globais porque temos produtos de qualidades”, relatou.

*Reportagem publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1541 de 09 de Agosto de 2018.

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