A falta de diálogo entre pais e filhos: motivos, consequências e soluções

Camila Soares Borges

Olá jovens sedentos pelo saber! Já entraram em férias? Espero que tenham conseguido obter os pontos necessários para avançar na vida estudantil, manter um bom histórico escolar e quiçá ingressar em novas instituições de ensino. Mas hoje não são para notas estudantis que dedicarei meu texto, mas sim para a uma avaliação pessoal, que se encontra no dia a dia das famílias. Respondam rapidinho aqui: de zero a dez, qual nota atribuiriam para o diálogo que tem com seus pais?

Não é segredo para ninguém que o tema está cada vez mais atual e põe em xeque grande parte das relações humanas. Desde relacionamentos amorosos, no âmbito profissional, afetivo, escolar e principalmente familiar, as telinhas luminosas ganham mais atenção do que o brilho nos olhos, os likes substituem abraços, o volume dos vídeos é mais alto do que as vozes humanas e sentar-se à mesa torna-se um desafio em meio ao cotidiano corrido, o qual “jogar papo fora” contar como foi o dia ou os sonhos futuros ganham o rótulo de bobagens e perca de tempo enquanto os pais olham mais uma vez para o relógio e dizem: “poxa, estou atrasado”.

A culpa acaba rolando de mão em mão. Pais dizem que filhos não os compreendem, filhos falam ao contrário dos pais e assim todos acabam como uma ilha; isolados em si mesmos, carregando silenciosamente os problemas do cotidiano. Absorvendo feito esponjas momentos desagradáveis sem ter alguém de “confiança” que possa lhes aconselhar e educar qual o caminho correto a se seguir.

Porém, tratando-se de adolescentes, a falta de diálogo familiar pode ser o início de inúmeros problemas. Afinal, quando não há diálogo, os pais acabam de certa forma não observando os filhos e dando-lhes atenção com relação às mudanças que vêm sofrendo. Comportamentos anormais, decisões comprometedoras ou pensamentos “errados” agravam-se quando os laços familiares não estão fortalecidos.

E a facilidade em simplesmente colocar os fones de ouvido ou trancar-se no quarto ao invés de conversar com os pais é muitas vezes suprida por maneiras não tão apropriadas. Amizades perigosas podem ser fortalecidas e nesta fase tão conturbada, que seria papel dos pais orientar e repassar valores morais, sem o vínculo do diálogo podemos cometer erros irreparáveis. Sobretudo, é na família é que encontramos – ou deveríamos – achar o afago necessário. Obviamente, ninguém tem a família perfeita e muitos atos corriqueiros balançam a convivência harmoniosa, no entanto engolir em silêncio as angústias do dia a dia pode atingir consequências de proporções inigualáveis. É mais necessário do que nunca durante a adolescência treinar o hábito de dialogar e manter a união familiar. De modo que além de simplesmente ouvir, começar de fato a escutar.

Infelizmente, algumas estruturas familiares não permitem a convivência e até a distância pode parecer por hora o caminho mais conveniente para evitar-se brigas e estresses, mas ao final, apenas adiará uma dificuldade futura, que cedo ou tarde irá surgir. Pais precisam dar mais atenção aos filhos. Indagando sobre a escola, os estudos, os amigos, as vontades, as dificuldades e os sonhos. Fazendo-se presentes. Mostrando que se importam e o quanto a prole é importante. Às vezes uma palavra à toa ou um gesto simples pode iluminar a vida dos filhos.

Se algo feriu ambas das partes, falem. Ajudem-se. Lhes afirmo que após um bom diálogo muitos fatores ruins podem ser resolvidos. Às vezes, tudo o que precisamos para superar uma dificuldade é de alguém que nos mostre um novo ponto de vista. E afirmo mais ainda: nós como adolescentes antes de pais que nos banquem, deem dinheiro ou façam nossas vontades, queremos pais que nos amem e apoiem. Independentemente de onde estamos ou para aonde vamos, nosso maior tesouro é a aprovação de quem nos deu a vida. Que as festas de fim de ano não se baseiem em ostentação, mas estejam regadas por amor, carinho e diálogo.

Por: Camila Soares Borges – Estudante

*Coluna publicada no Jornal O Celeiro, Edição 1559 de 13 de Dezembro de 2018.

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