Olá jovens sedentos pelo saber! Já entraram em férias? Espero que tenham conseguido obter os pontos necessários para avançar na vida estudantil, manter um bom histórico escolar e quiçá ingressar em novas instituições de ensino. Mas hoje não são para notas estudantis que dedicarei meu texto, mas sim para a uma avaliação pessoal, que se encontra no dia a dia das famílias. Respondam rapidinho aqui: de zero a dez, qual nota atribuiriam para o diálogo que tem com seus pais?
Não é segredo para ninguém que o tema está cada vez mais atual e põe em xeque grande parte das relações humanas. Desde relacionamentos amorosos, no âmbito profissional, afetivo, escolar e principalmente familiar, as telinhas luminosas ganham mais atenção do que o brilho nos olhos, os likes substituem abraços, o volume dos vídeos é mais alto do que as vozes humanas e sentar-se à mesa torna-se um desafio em meio ao cotidiano corrido, o qual “jogar papo fora” contar como foi o dia ou os sonhos futuros ganham o rótulo de bobagens e perca de tempo enquanto os pais olham mais uma vez para o relógio e dizem: “poxa, estou atrasado”.
A culpa acaba rolando de mão em mão. Pais dizem que filhos não os compreendem, filhos falam ao contrário dos pais e assim todos acabam como uma ilha; isolados em si mesmos, carregando silenciosamente os problemas do cotidiano. Absorvendo feito esponjas momentos desagradáveis sem ter alguém de “confiança” que possa lhes aconselhar e educar qual o caminho correto a se seguir.
Porém, tratando-se de adolescentes, a falta de diálogo familiar pode ser o início de inúmeros problemas. Afinal, quando não há diálogo, os pais acabam de certa forma não observando os filhos e dando-lhes atenção com relação às mudanças que vêm sofrendo. Comportamentos anormais, decisões comprometedoras ou pensamentos “errados” agravam-se quando os laços familiares não estão fortalecidos.
E a facilidade em simplesmente colocar os fones de ouvido ou trancar-se no quarto ao invés de conversar com os pais é muitas vezes suprida por maneiras não tão apropriadas. Amizades perigosas podem ser fortalecidas e nesta fase tão conturbada, que seria papel dos pais orientar e repassar valores morais, sem o vínculo do diálogo podemos cometer erros irreparáveis. Sobretudo, é na família é que encontramos – ou deveríamos – achar o afago necessário. Obviamente, ninguém tem a família perfeita e muitos atos corriqueiros balançam a convivência harmoniosa, no entanto engolir em silêncio as angústias do dia a dia pode atingir consequências de proporções inigualáveis. É mais necessário do que nunca durante a adolescência treinar o hábito de dialogar e manter a união familiar. De modo que além de simplesmente ouvir, começar de fato a escutar.
Infelizmente, algumas estruturas familiares não permitem a convivência e até a distância pode parecer por hora o caminho mais conveniente para evitar-se brigas e estresses, mas ao final, apenas adiará uma dificuldade futura, que cedo ou tarde irá surgir. Pais precisam dar mais atenção aos filhos. Indagando sobre a escola, os estudos, os amigos, as vontades, as dificuldades e os sonhos. Fazendo-se presentes. Mostrando que se importam e o quanto a prole é importante. Às vezes uma palavra à toa ou um gesto simples pode iluminar a vida dos filhos.
Se algo feriu ambas das partes, falem. Ajudem-se. Lhes afirmo que após um bom diálogo muitos fatores ruins podem ser resolvidos. Às vezes, tudo o que precisamos para superar uma dificuldade é de alguém que nos mostre um novo ponto de vista. E afirmo mais ainda: nós como adolescentes antes de pais que nos banquem, deem dinheiro ou façam nossas vontades, queremos pais que nos amem e apoiem. Independentemente de onde estamos ou para aonde vamos, nosso maior tesouro é a aprovação de quem nos deu a vida. Que as festas de fim de ano não se baseiem em ostentação, mas estejam regadas por amor, carinho e diálogo.
Por: Camila Soares Borges – Estudante
*Coluna publicada no Jornal O Celeiro, Edição 1559 de 13 de Dezembro de 2018.