Conselho Municipal de Preservação ao Patrimônio será criado em Campos Novos

Iniciativa da Fundação Cultural foi apresentada durante reunião pública para restauração da Capela do Espinilho.

Cresce e avança o movimento pela restauração de um dos principais patrimônios históricos e religiosos de Campos Novos: a Capela Senhor Bom Jesus do Distrito de Espinilho.

A reunião pública realizada no auditório da Biblioteca Pública Municipal na noite de quinta-feira (20), registrou além da presença de autoridades, uma importante e fundamental participação da comunidade, ou seja, de famílias de moradores e de antigos moradores do distrito, que de forma unânime desejam a preservação.

A importância histórica do Espinilho, primeiro distrito de Campos Novos e da própria capela foram fundamentadas por meio da exposição da historiadora Enedy Padilha da Rosa, que assessora a Fundação Cultural. O primeiro distrito de Campos Novos já teve até cartório de registro e de lá saiu o fundador do município de Caçador.

A Capela Senhor Bom Jesus, construída em madeira há mais de 50 anos e com duas torres, é da época do Ciclo das Serrarias e forma um conjunto arquitetônico/histórico com a Capela Santa Terezinha do Distrito de Bela Vista. As duas, foram construídas em madeira de araucária e cúpula com cobertura de latão e segundo os padres scalabrinianos, responsáveis pela Paróquia São João Batista, estão entre as únicas mantidas em madeira no município.

Foram tombadas por lei municipal em 2003, por iniciativa do ex-vereador e professor Jacir Werle e “destombadas” em 2014 por lei municipal, com aprovação da Câmara de Vereadores.

A comunidade do Distrito de Bela Vista, segundo explica Marisa Roveda Trevisol, da diretoria da capela, pediu o cancelamento do tombamento para que pudesse, com recursos da comunidade, fazer a reforma do prédio ” já que na época não foram viabilizados recursos públicos da prefeitura para manter o prédio tomado como patrimônio”. Após a reforma emergencial, a comunidade deseja que a capela de Bela Vista seja novamente tombada, diz Marisa.

No Espinilho, porém, os moradores atestam que não fizeram tal pedido de forma oficial. Com a migração de várias famílias que saíram da localidade, a comunidade sozinha não conseguiu fazer novas reformas e a edificação com a cobertura danificada e as paredes e janelas apodrecidas corre risco de desabar.

“Todos querem a restauração, pois é a nossa história” enfatizam o produtor rural, Nelson Luiz Viater, morador do Espinilho e o padre Eneias Carniel, nascido no Espinilho, onde periodicamente celebrava a missa, interrompida por causa das condições físicas do prédio. As famílias França, Cardoso, Prigol, Devilla e muitas que de lá migravam, mas têm propriedades no Espinilho ou que estando em Campos Novos, lá têm raízes, também enfatizam que esse patrimônio não pode desaparecer.

Medidas 

Com o aval da comunidade e do pároco Dirceu De Rocco (CS), plenamente favorável à preservação do patrimônio; do prefeito Alexandre Zancanaro que deu autorização à Fundação Cultural para tomar medidas e do vereador Antonio Rosa que se comprometeu em sensibilizar os demais vereadores, a Fundação é quem vai tomar as medidas práticas para refazer o processo e garantir a preservação.

Segundo a Superintendente da Fundação Cultural, Marli Becker, o primeiro passo imediato será criar o Conselho Municipal de Preservação ao Patrimônio, que opinará sobre o destino e o investimento no patrimônio histórico/cultural de Campos Novos que é riquíssimo.

Marli ressalta que desde 2019, foi iniciado um projeto com vistas ao tombamento, recuperação e preservação do patrimônio. Trata-se da memória histórica/cultural/religiosa, formada por bens de natureza material e imaterial. “Abrange, por exemplo, as duas capelas, os cemitérios, o Museu e a Casa da Cultura que têm 100 anos, assim como, a Romaria Estadual de Aparecida, o relato do milagre ocorrido no Hospital Dr José Athanázio que permitiu a canonização de Santa Júlia, entre outros”, enfatiza Marli.

A superintendente acentua que embora Campos Novos tenha inúmeros bens históricos, não conta sequer com um deles registrado no Estado de Santa Catarina e no âmbito municipal apenas o Museu Waldemar Rupp e o Cemitério da Invernada dos Negros, são reconhecidos como tal.

O orçamento e a decisão sobre restauração antes ou depois do tombamento das capelas serão providenciados nos próximos dias pela Fundação.

A jovem Gabriela Baby Braga – arquiteta de Campos Novos, que desenvolveu estudo acadêmico sobre as duas edificações, inclusive, já ofereceu algumas pistas para uma futura restauração das capelas do Espinilho e de Bela Vista.

*Informações: Rádio Cultura

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