Cultura Campos Novos: Como município mantém as atividades em meio a pandemia?

Setor foi um dos mais afetados pela pandemia, tendo que cancelar uma programação repleta de ações.

O município de Campos Novos estava se consagrando no cenário estadual por sua grade repleta de atividades no setor cultural, um segmento de extrema relevância para o fomento do turismo. Porém, eventos como ExpoCampos e a Semana Nacional Do Museu foram canceladas devido a pandemia. Neste mês de setembro, que carrega uma série de datas importantes como a Semana farroupilha, as atividades alusivas ficaram só no imaginário das população. O cinema, tão esperado pelos camponoveses, foi pouco aproveitado, hoje se encontra de portas fechadas. As aulas de dança que animavam os alunos duraram pouco tempo e deixaram saudade. Pelo visto não é só o turismo que perde, mas cada cidadão que viu a evolução e construção de um setor cultural que se consolidava a cada dia.

O comércio já retomou as atividades e aos poucos vemos a rotina das pessoas voltando ao normal, o que desperta a curiosidade sobre o retorno do setor cultural. Será? Pelo visto ainda não é o momento. O Brasil e o estado de Santa Catarina ainda se mantêm cautelosos quanto ao campo cultural, afinal este setor demanda da aglomeração de pessoas. Enquanto isso, a cadeia da cultura tenta todos os meios para se manter de pé. Em Campos Novos a superintendente da Fundação Cultural, Camila Girard, repassou algumas informações sobre o andamento das atividades e sobre o retorno dos eventos no município.

A Fundação Cultural Camponovense conta com aproximadamente 1200 alunos, distribuído entre suas 18 oficinas regulares de música, dança, teatro, culinária, Orquestra Municipal e Fanfarra. Até a paralisação em decorrência da Pandemia, vinha com as atividades das oficinas de música, culinária, teatro, orquestra, fanfarra, e estava com licitação para contratação das oficinas de dança. “No entanto os planos precisaram ser refeitos e as atividades adaptadas, para que não houvesse uma paralisação completa, até porque não havia uma previsão de data de retorno, o cenário dependia da evolução e comportamento do vírus pandêmico, em nosso município. Além disso, as atividades do Cinema, que integram o prédio Físico da Casa da Cultura e em parceria com Fundação Cultural Camponovense, igualmente precisaram imediatamente serem suspensas”, explicou Camila.
Apesar de todas as dificuldades que afetaram a cultura no município, algumas atividades vêm acontecendo mesmo a distância através do uso da tecnologia. “Com relação às Oficinas musicais, estas seguiram na mesma frequência e cronograma semanal, adaptadas para modo on-line, onde os professores interagem com seus alunos, nos mesmos dias e horários que estas se davam presencialmente, sendo confeccionados pela Fundação Cultural, relatórios mensais para atestar a regularidade da prestação dos serviços pelos profissionais contratados, bem como acompanhada a evolução das aulas, disponibilização de material aos alunos. O que ocorre também em relação à Oficina de Teatro, com atividades remotas. Diante da prorrogação da pandemia, que ainda impede o retorno de atividades presenciais, ensaios e aulas, buscou-se inovar no método e tipos de atividades propostas pelos professores aos alunos. Além de se dar uma melhor atenção à parte teórica da música, roteiros de teatro, buscou-se realizar atividades mais interativas, como foram os clipes musicais. Definidas pelo Maestro da Orquestra, professor Simão Wolf, as respectivas partituras para cada oficina/instrumento eram repassadas aos demais professores para trabalharem com seus alunos, e assim, estes executaram gravações das músicas Dance Monkey, Stand by Me, Hey Pai, Hino de São João Batista, padroeiro do município de Campos Novos”.

A pandemia além de impedir os encontros presenciais, também acabou prejudicando o recebimento de recursos financeiros advindos dos Poderes Públicos, que foram, em sua maioria, destinados a saúde. Com a suspensão dos eventos também houve a queda da arrecadação. Porém, algumas medidas foram adotadas para que o setor recebesse o devido apoio neste momento difícil. Paralelo as atividades online, a Fundação Cultural Camponovense vem dedicando suas ações para aplicação dos recursos da Lei Aldir Blanc (Lei 14.017/2020), no município de Campos Novos, em prol dos artistas e espaços culturais que se encontram paralisados e impedidos de realizar eventos desde o desencadear da Pandemia do Covid19. Desde a data da sanção presidencial da lei, em 29 de junho de 2020, a Fundação buscou fazer levantamento e cadastramento de agentes e espaços culturais e artísticos, a fim de mapear forma de direcionar o referido recurso federal, decorrente da pandemia.

Com o plano de ação aprovado pelo Governo Federal e com data prevista para recebimento do recurso de R$ 264.831,15 (duzentos e sessenta e quatro mil oitocentos e trinta e um reais e quinze centavos) em 26 de setembro de 2020, na última semana, o município de Campos Novos lançou decreto regulamentador sobre recurso da Lei, a fim de atender o maior número de pessoas físicas ou jurídicas que se enquadrem nos requisitos previstos pela Lei 14.017/2020. “Nos próximos dias, serão lançados editais respectivos, para aplicação dos recursos da Lei, que, em atenção ao cenário da pandemia e igualmente a fim de aplicar a finalidade da mesma, que é emergencial, fará lives artísticas/culturais (previstas pelo art. 2º, inciso III, da Lei 14.017/2020), a fim de justificar os valores repassados, e também buscando divulgar o trabalho desses agentes. Em breve, todos poderão ter acesso aos editais no site da Prefeitura Municipal de Campos Novos, bem como ao cronograma das atividades no painel principal do mesmo, sob as hashtags #leialdirblanc, #covid19, #leiemergenciacultural.

Apesar do desejo para o retorno das atividades ainda não é seguro retornar os encontros, conforme destaca Camila, afirmando que após as eleições a Fundação esta se preparando para o retorno gradual de algumas atividades. “Os alunos e professores encontram-se ansiosos para o retorno das atividades, convictos que em breve as atividades poderão se normalizar”, concluiu.

*Reportagem, publicada no jornal ‘O Celeiro’, Edição 1645 de 24 de Outubro de 2020.

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