Setembro Amarelo: Campanha de prevenção contra suicídio ganha força em 2020

Pandemia escancarou a necessidade de focar na saúde mental como busca da qualidade de vida.

Em setembro de 1994 um jovem apaixonado por seu Mustang amarelo decidiu tirar a própria, deixando uma carta a seus pais contando sobre sua dor. Tristes ela perda, no dia do funeral os pais do jovem distribuíram cartões e fitinhas amarelas com mensagens de apoio as pessoas que, assim como seu filho, sofriam caladas. Desde então o fato sensibilizou o mundo e marca até hoje o Setembro Amarelo, conforme conta Flavio Bitencourt, coordenador do Centro de Apoio Psicossocial (Caps) de Campos Novos. No Brasil a campanha é realizada através do Centro de Valorização da Vida, CVV e o Conselho Federal de Medicina de Psiquiatria desde 2015. Cada ano a campanha ganha mais apoio e visibilidade por tratar de um tema tão delicado que é o suicídio. A temática é ainda mais oportuna neste momento de pandemia em que muitos enfrentaram situações desesperadoras, que podem ser gatilhos para atos impensados.

São registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias. Até 25 de agosto deste ano, foram registradas 400 mortes por suicídio no estado, sendo o maior número de casos (78) entre 50 e 59 anos. Em 2019, foram 807 óbitos. Já em relação às tentativas, foram 2.678 até agosto deste ano e 6.118 em 2019. A faixa etária com maior número de tentativas é a de 20 a 29 anos, conforme informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde (MS). Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que nove em cada 10 mortes por suicídio podem ser evitadas.

Campos Novos registrou alguns casos de suicídio, mas Flavio afirma que este ano os números diminuíram. E este é o propósito da campanha: prevenir e reduzir os números de suicídios dando alento e conforto para as pessoas que precisam de ajuda nos momentos de dor e aflição. O coordenador reforça a necessidade de falar sobre o tema que ainda é ignorado mesmo com tantos casos acontecendo no mundo. “Nossa proposta é divulgar amplamente na imprensa local para falar sobre a importância deste tema. Nós trabalhamos o ano todo, mas neste mês damos um enfoque maior. Ele vem para quebrar o paradigma: as pessoas não gostam de falar sobre a morte. A morte é um fato. Queremos falar sobre este tema porque as pessoas não falam a respeito”, declarou.

O suicídio é um assunto importante e muito delicado, pois toca na ferida de muitos que já perderam alguém desta forma. A culpa e dor às vezes os acompanham há anos porque acham que poderiam ter evitado o fato, no entanto nem sempre é possível prever quem vai tentar o suicídio ou não. Porém, é possível aumentar a rede de apoio e ficar mais alerta aos sinais que muitas vezes eram desconsiderados. Reconhecer os sinais de alerta, procurar auxílio profissional e adotar hábitos saudáveis pode salvar vidas. Em Santa Catarina, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) realizam atendimentos com profissionais capacitados. Flávio lista órgãos como o Caps, as Unidades de Saúde, e a Secretaria de Saúde como meios para conseguir apoio e ajuda profissional, mas ele não descarta a ajuda que pode ser dada por familiares e amigos ao oferecer um ombro e ouvido amigo para ouvir sem julgamentos e preconceitos a dor do outro. Também é importante levar em consideração os fatores protetivos como manter um bom círculo social, bom relacionamento familiar, ter plano para o futuro e ter senso de responsabilidade, quando possível pode ser útil salientar e incentivar tais medidas.

Cuidados em tempo de pandemia

Com o isolamento social provocado pela Covid-19, os cuidados para os riscos de suicídio devem ser redobrados. O confinamento pode agravar problemas crônicos de saúde, entre eles, a depressão.

Para prevenir o suicídio uma das principais medidas é procurar ajuda profissional. No sistema público, a porta de entrada para o acolhimento de pessoas com algum transtorno mental são as unidades básicas de saúde.

Os serviços públicos de saúde mental de Santa Catarina contam com 110 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em diversos municípios e diferentes modalidades. Nessas estruturas são atendidas pessoas que vêm em demanda espontânea, incluindo as que têm distúrbio psiquiátrico, pensamento suicida e tentativa de suicídio.

Sinais de Alerta

Crianças começam a ir mal na escola; Irritabilidade; Bulling; Desesperança; Perda do prazer; Fala sobre o desejo de morrer; Se sentem um fardo para outros.

Fatores que podem estar relacionados ao suicídio

  1. Aspecto social: A mulher tenta mais o suicídio que o homem, mas os homens são mais é quem mais conseguem efetivar o ato. O home tem mais acesso a arma de fogo, tem impulsividade, é mais relutante em procurar tratamento. A mulher tem uma rede social mais integrada. A idade entre 15 a 30 anos e acima de 60 anos é um aspecto social. Adolescente tem mais tendência a internalizar as situações.
  2. Condição de saúde limitante, alguém que sofre com uma doença ou dor crônica, doenças incapacitantes, podem ter pensamentos suicidas.
  3. Fatores psicológicos: personalidade impulsiva, agressiva, traumas de infância, desesperança, desamparo;
  4. Doenças mentais: depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia;
  5. Uso de substancias concomitante com as doenças mentais e uso de bebidas alcoólicas e drogas;
  6. Perdas recentes, falta de resiliência.
  7. Suicídiobilidade: Pessoas que já tentaram o suicídio o que tem parentes que já cometeram;

*Reportagem publicada no Jornal ‘O Celeiro’, Edição 1643 de 10 de setembro de 2020.

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