Mulheres fortalecem outras Mulheres: O agro sob a ótica feminina

Encontro Nacional de Mulheres Cooperativistas reforça união e atuação feminina no agronegócio.

“Mulheres são como águas, crescem quando se encontram”. Esta era a frase destaque no convite do Encontro Nacional de Mulheres Cooperativistas. O que as mulheres acham desta afirmação está nas frases em destaque acima.

Quatro mulheres de sucesso que participaram do evento online compartilharam suas experiências no agronegócio. Elas acreditam que as mulheres são capazes de atuar em qualquer mercado, mesmo no agronegócio que até hoje é marcado pela presença masculina. Mas tabus estão sendo quebrados e elas mostram que coragem não falta para fazer e acontecer no campo.

Desafios existem, mas quando existe disciplina e determinação é possível equilibrar todas as responsabilidades. “Quando a mulher tem vontade ela vê que tem possibilidades e capacidade para muito mais coisas. Quando a mulher quer, ela alcança”, declarou Lourdes. “Precisamos organizar o nosso tempo, dando sempre prioridade para aquela tarefa que foi planejada para tal momento. Acredito muito que nosso sucesso profissional e pessoal, é um grande equilíbrio do trabalho e da família. Por isso os dois precisam estar em boa sinergia para que um não atrapalhe o outro”, afirmou Cris Moro. “As mulheres foram educadas para assumir diversas funções, tanto no contexto social quanto doméstico, aprendemos, desde cedo, que nossas responsabilidades vão além do trabalho e da família, passam pelos cuidados com a casa, constante aperfeiçoamento profissional, planejamento, filhos, enfim. E, com toda a certeza, é um desafio equilibrar essas diferentes tarefas”, acrescenta Tânia. “Aceitei o desafio, com toda minha força de vontade e aprendendi tudo. Fiz faculdade, e ao mesmo tempo eu era filha, esposa e mãe, as coisas foram crescendo e eu fui acompanhando tanto na cooperativa como na propriedade da família”, exemplificou Maria.

Apesar do potencial da classe feminina há poucas mulheres presentes nas cooperativas e no mercado do agronegócio como um todo, mas elas crêem que este segmento abrirá mais espaço para mulheres. “Sabemos que muitos tabus existiram quanto a participação da mulher, seja na execução ou no controle das tarefas do agro, mas vivemos em uma era onde a participação feminina é muito importante, nos tornamos capazes como eles, somos donas de uma organização ímpar, atuando como gestoras tendo uma grande responsabilidade gerindo a área administrativa, financeira e de recursos humanos”, comenta Maria. Tânia acredita que seja possível aumentar esta participação. “A ampliação da participação feminina depende de múltiplos fatores, desde o fomento de políticas públicas de capacitação, empoderamento e estímulo, passando pela conscientização das cooperativas quanto a importância de oportunizar espaços igualitários para homens e mulheres, tanto nos quadros de associados quanto nos conselhos deliberativos, até o fortalecimento e divulgação daquelas empreendedoras que já são referência no agronegócio”. “É preciso dar mais oportunidades para nós mulheres assumirmos novos papéis e também acreditarmos no nosso diferencial competitivo, que na minha visão é a atitude e o poder da persistência. As cooperativas precisam criar mecanismos de inserção da mulher principalmente em espaços de decisão e poder, buscando a igualdade de gêneros e tornar todos os ambientes convidativos as mulheres, sejam eventos, palestras, reuniões ou treinamentos”, acrescentou Cris. “Ainda tem muito a melhorar, o mundo cooperativista é um mundo de homens, mas isso vem mudando, e a nova geração não vai ter dificuldade em conquistar este espaço”, reiterou Lourdes.

A luta por espaço precisa ser continua, pois a atuação feminina se faz necessária. A igualdade de gêneros precisa alcançar todos os setores, conforme concordam as entrevistadas. “Dentro ou fora da porteira as mulheres vêm exercendo seu protagonismo e isso está impactando positivamente o agronegócio. É extremamente importante fomentar essa participação feminina, pois além de estarem oferecendo uma nova perspectiva de vida à outras mulheres, tem seu próprio rendimento, são independentes e dia a dia demonstram que a força e a perseverança são qualidades que diferenciam cada trabalho e que move a união de mulheres na conquista de bons resultados, em todas as cadeias do agro”, destaca Cris. “Precisa ser crescente a participação das mulheres, seja como associada, funcionária, líder e até mesmo nos Conselhos das cooperativas, ou na própria propriedade como braço direito e até mesmo tocando sozinhas o agronegócio de hoje”, opina Maria. “Nós mulheres já somos mais de 50% da população brasileira. Temos demonstrado ao longo do tempo que somos capazes de atuar em qualquer ramo de atividade. Existem estudos que comprovam que ambientes onde homens e mulheres trabalham juntos são mais equilibrados, produtivos e tendem a ser mais harmoniosos. Desta forma precisamos de oportunidades para que possamos ocupar nossos espaços também nas cooperativas e na condução do agronegócio de maneira geral. Também precisamos pensar na questão da sucessão familiar, as mulheres devem estar preparadas para gerir os negócios da família”, reforçou Tânia.

*Reportagem publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1648 de 15 de outubro de 2020.

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