Pandemia da Covid-19: Já estamos numa segunda onda?

Casos de Covid-19 voltam a crescer em Santa Catarina e Campos Novos após feriados prolongados e eleições.

No início da pandemia a população tinha temor do novo Coronavirus e não queria colocar os pés fora de casa por nada. As empresas e o comércio foram duramente afetados e milhares de pessoas perderam seus empregos. Até mesmo as eleições no Brasil foram discutidas e o movimento que sempre acontecia em outubro, acabou mudando para novembro, haja vista a seriedade do problema. Mesmo com todas as normas de segurança sanitária estabelecidas percebemos que houve um relaxamento em massa das medidas de distanciamento. Temos exemplos que mostram o quanto as pessoas estão baixando a guarda. Tivemos alguns feriados prologado em que as pessoas viajaram ao litoral para curtir o calor entre amigos e família. As Eleições 2020 também defoi um aprova de que poucos ainda se importam com a doença que já matou mais 169 mil pessoas no Brasil. O dia 15 de novembro foi agitado e cheio de comemorações, os candidatos eleitos deixaram o ‘fervor’ do momento os contagiarem e juntos com seus eleitores se entregaram aos abraços e as aglomerações vistas em todo o Brasil, e o município de Campos Novos foi um exemplo disso. Vídeos e fotos circularam nas redes sociais do povo reunido, muitos sem máscaras, comemorando de forma irresponsável a vitória.

Diariamente o jornal ‘O Celeiro’, divulga o boletim da Secretaria Municipal de Campos Novos, e é notável o aumento de casos. Na manhã desta quarta-feira (25), foi confirmado que a região Meio-Oeste está classificada em ‘Risco Gravíssimo’. O município e a região não destoam do estado de Santa Catarina, que se destacou no Brasil por ser um dos estados com maior numero de infectados. O pico de casos ativos significa que o Estado já numa segunda onda? Para alguns especialistas, os números já indicam uma segunda onda que parece não ter hora para acabar, visto que as medidas de isolamento estão cada vez mais sendo ignoradas. A presidente do Centro de Operações de Emergência em Saúde Regional (Coes Meio Oeste), Eugenia Bucco, lamentou o aumento de casos e confirma que estamos numa segunda onda. “Nós estávamos bem confortáveis, mas houve um descuido. Chegamos numa segunda onda. Hoje estamos com 100% dos leitos de UTI do Hospital Universitário Santa Terezinha ocupados. Temos a macro região com um saldo positivo para referenciar os pacientes, mas nos preocupamos porque as nossas portas de entrada para atendimento estão todas sobrecarregadas”, iniciou Eugênia.

A presidente acredita que o controle da situação depende de uma ação conjunta dos serviços públicos e da população. “A situação que estamos depende muito do comportamento da população, e esse aumento pode ter sido reflexo dos feriados e da flexibilização da população diante das medidas. Até surgir uma vacina o cuidado tem que ser permanente. Não adianta cobrar do serviço público, é uma via de duas mãos. A situação do vírus na região se deu em virtude das pessoas que viajaram. Não é apenas em relação às eleições. Foi feita uma recomendação do Coes para evitar aglomerações. O pico iniciou no feriado dia 2 de novembro”, explicou.

Com a chegada do verão acredita-se que os riscos aumentem em virtude das aglomerações nas praias e balneários. Santa Catarina é uma região que atrai muitos turistas durante esta época do ano, e esta interação pode ser um vetor do vírus e, consequentemente pode elevar o número de casos. Nas redes sociais alguns usuários se posicionam contra os órgãos de saúde e principalmente contra a imprensa por levar informações sobre a pandemia. Segundo alguns comentam, as notícias sobre o vírus apenas visam levar a população a pânico. Bem, provavelmente quem já ficou entre a vida e a morte, ou quem perdeu um parente por Covid-19, certamente discorda desse discurso. É fato que ter a liberdade limitada é estressante, mas a falta de uma vacina para conter a doença ainda deve levar a população a tomar os devidos cuidados para proteger a si e as pessoas, principalmente os mais vulneráveis. Todos almejam o momento para voltar a circular sem mascaras nas ruas, mas este ainda não é o momento.

“População precisa se sensibilizar”

Eugenia reflete sobre as ações da população e solicita mais cuidado para que os casos diminuam e o sistema de saúde não seja sobrecarregado. “O sistema de saúde não pode parar para atender apenas casos de Covid-19. Existe um plano de ação, mas a população precisa fazer a sua parte. Os cuidados básicos de não aglomerar, não fazer reuniões, usar mascara precisam se manter. Este será um ano atípico para as comemorações de final de ano, esperamos que as pessoas se conscientizem disso. Os cuidados básicos não estão sendo respeitados. É muito chato ficar toda hora com a fiscalização batendo nesta tecla. A população já sabe, ela precisa ter mais consciência e deixar de ser egoísta e pensar um pouco no próximo”, destacou.

Apesar do aumento de infectados, ela não acredita na possibilidade de um fechamento novamente. “O distanciamento está nas portarias do Governo do Estado. Isso prevalece. Provavelmente o fechamento não acontecerá, não estamos mais nesta fase. Quando houve fechamento dos espaços, no início da pandemia, foi para que nos preparássemos e aprendêssemos a lidar com a situação. Nesse tempo adquirimos leitos de UTI, leitos clínicos, e a saúde publica se preparou para atender a população e a população também aprendeu a lidar com isso”, finalizou.

O mês de dezembro é marcado por grandes reuniões de família e amigos, e muitos consideram sagrado estes encontros anuais. Além disso, durante alguns dias as empresas entram em recesso. Quem trabalha aproveita a folga para curtir este momento rodeado de pessoas. Eugenia acredita que as festividades serão diferentes este ano, mas será? Vamos esperar para ver como a população vai se comportar.

Ações do Governo do Estado

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) instituiu quatro pilares para o enfrentamento da Covid-19 no território catarinense. São eles: A Manutenção das Estruturas de UTI Covid-19, as Campanhas Publicitárias, a Abordagem dos Pacientes na Atenção Primária da Rede SUS e a Fiscalização e Vigilância.

Para a manutenção das estruturas de UTI Covid-19 em Santa Catarina, já está sendo habilitada e prorrogada a estrutura de leitos até 31 de dezembro de 2020, além da garantia de custeio por parte do Estado e dos municípios (portaria nº 1.666). Também haverá manutenção dos pagamentos do teto máximo dos contratos das organizações sociais até 31 de dezembro de 2020 e do teto da Política Hospitalar Catarinense (PHC) até junho de 2021.

As campanhas educativas devem reforçar e melhorar a forma de comunicar as informações sobre a pandemia com relação aos cenários, regramentos, vacinas, necessidade de consulta imediata após qualquer suspeita ou sintoma, por exemplo. Também serão envolvidos nas campanhas o setor privado, municípios, imprensa, Poder Legislativo e Judiciário. Em meio a abordagem dos pacientes na Atenção Primária da Rede SUS estão sendo trabalhados o diagnóstico precoce e qualificado com estratificação gradativa e tratamento conforme necessidade e autonomia médica; o monitoramento dos doentes reforçando a importância da atenção primária, das parcerias público/privadas e uso de aplicativos; e a rastreabilidade de contatos para o controle da Covid-19.

Sobre a fiscalização e vigilância será reforçada a atuação do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) da SES e do Grupo de Ações Coordenadas (GRAC) da Defesa Civil. Os gestores públicos estaduais, municipais e privados serão corresponsáveis nas ações de vigilância e fiscalização. Além disso, as portarias, os decretos e as notas estão sendo reformuladas para uma uniformização das informações para, assim, facilitar o entendimento de todos, bem como outras ações como o Plano de Contingências e o Planejamento Pós-Pandemia e a Estruturação da Oferta de Cirurgias Eletivas.

*Reportagem publicada no jornal ‘O Celeiro’, Edição 1654 de 26 de Novembro de 2020.

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