Empresa Camponovense inova e ousa na produção de Malte

Proporcionar uma experiência sensorial diferenciado através de meios tradicionais é a meta da Maltes Catarinenses.

Presente em quase todas as comemorações do mundo, principalmente nas do Brasil, a cerveja tem um lugar garantido na mesa e no coração dos brasileiros. E é justamente esta paixão pela bebida que tem movido alguns empreendimentos no ramo cervejeiro, como é o caso dos empresários Arno Schaly e de seu colega Marcos Odebrecht Júnior, cofundadores da Maltes Catarinenses, empresa camponovense especializada na produção de uma das principais matérias primas da cerveja: o Malte. Mas, afinal de onde vem o famigerado ‘Malte’? Falando de forma simplificada, ele é a base da cerveja. Ele produz o açúcar que será transformado em álcool pelas leveduras. A cevada é o grão mais comum para ser maltado, mas diversos grãos podem passar por este processo de transformação do cereal em malte cervejeiro.

Com o objetivo de sair da curva do mercado cervejeiro, a Maltes Catarinense tem como meta inovar e ousar na produção de maltes para proporcionar aos clientes uma experiência diferenciada, que é uma exigência dos novos mercados. Campos Novos, maior produtor de grãos do estado, hospeda a empresa que aproveita o potencial produtivo do município para a produção dos mais diversos tipos de maltes. Eles fazem malte de cevada, aveia, trigo e centeio que são advindos de produtores do município, apenas o arroz e o trigo mourisco vêm de fora da cidade, e são utilizados para um mercado específico.

O empresário Marcos Odebrecht Júnior conversou com a reportagem do jornal ‘O Celeiro’ e conta um pouco sobre os processos e a forma que eles escolheram para inovar neste ramo. “As grandes maltarias só produzem um tipo de malte, que é o Malte de cevada, que chamamos de malte Pilsen, o mais utilizado. Vislumbramos a produção de maltes especiais onde, além de processos diferenciados, usamos diversos grãos. Não quer dizer que em todas as cervejas vão entrar todos os maltes. Ele pode fazer com um malte apenas, ou mais. “Nós ousamos na nossa produção. Unimos técnicas tradicionais de malte, como era feito em 1800, na pré-revolução industrial. Nosso processo é manual, artesanal e intenso, pouco mecanizado propositalmente, muitos diferente do processo das grandes maltarias. A forma de secagem é menos usual. Respeitamos muito a característica do grão. Olhamos para o passado e resgatamos as técnicas tradicionais e artesanais utilizadas que se perderam em função da globalização e crescimento das empresas para produzir maltes em pequena escala”, afirma o empresário.

Por que fazer diferente? Não foi sem motivo que os empresários decidiram usar mecanismos diferenciados, eles tinham um objetivo em mente. “A população está redescobrindo o prazer de sentar a mesa. Hoje as pessoas buscam coisa diferentes, sabores especiais. Estamos trazendo estas ferramentas para o mercado cervejeiro poder ampliar o leque de opções. Não queremos substituir nenhum fornecedor ou competir, queremos que explorem a criatividade e produzam cervejas com características sensoriais diferentes. Nós vendemos a ideia de uma empresa que tem uma produção local agregando a cadeia de fornecimento local. Quem compra de nós está em busca de características sensoriais diferentes”, completa.

Atualmente a Maltes Catarinense produz em média de 3 a 4 toneladas, fornecendo para empresas da Região Sul e Sudeste. “Podemos despachar para qualquer região, mas o frete nos limita. Por ser um produto com um certo peso, encarece o frete para outras regiões. Mandamos para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, que são os principais clientes. Mas também temos clientes em São Paulo, Espirito Santo e Rio de Janeiro”, conta. Apesar de ser considerada uma empresa de pequeno porte, Marcos fala sobre alguns planos para o futuro. “Primeiramente queríamos conhecer o mercado, entender a demanda cervejeira, aprimorar os processos, botar a marca e o produto na rua. A partir disso buscamos um projeto numa escala maior buscando novos parceiros para ampliar o raio de atuação, ampliar a capacidade produtiva, aumentar o leque de produtos e montar uma empresa de maior porte. Estamos em contato com alguns produtores de destilados, estamos fazendo testes e fornecendo malte para produção não só de bebidas fermentadas, mas de destiladas. Aos poucos vamos explorando as alternativas. Podemos agregar em outras áreas alimentícias, não apenas para bebidas. Existem empresas que utilizam nosso produto para produzir doces. Estamos também negociando com mercados que utilizam o malte como saborizantes”, explicou. Apesar de trabalhar com as matérias primas, a empresa não produz cerveja para comercialização.

A produtividade de grãos camponovenses é destaque no cenário estadual e regional, e ver mais empresas se sobressaindo em ramos inovadores, deixa claro que o investimento dos produtores está sendo bem sucedido. Através das cooperativas, os empresários conseguem o fornecimento desses grãos, que são uma alternativa as propriedades rurais para as culturas de inverno. A logo da empresa carrega o nome de Campos Novos como forma de homenagear a pujança deste município e sua vocação no agronegócio. “É importante ter essa informação na logo para que as pessoas saibam aonde está localizada a produção. Esta foi a forma que achamos para homenagear a cidade que estamos instalados, trazer visibilidade e mostrar que Santa Catarina tem potencial enorme na produção e beneficiamento de grãos. É uma forma de mostrar que temos orgulho de estar aqui, e estamos aqui devido a esse potencial na produção e infraestrutura na questão dos grãos. Viemos para agregar”, concluiu Marcos.

Como tudo começou? Unidos pela mesma paixão: a cerveja, o camponovense Arno Schaly e o blumenauense Marcos Odebrecht Júnior em meados de 2011, decidiram investir no ramo cervejeiro. “Nesta época não tinha micro maltarias no Brasil. Aliando nossa paixão, a característica e vocação da cidade de Campos Novos, e a ausência de opções de micromaltarias no Brasil com maltes especiais e diferenciados, vislumbramos a possibilidade de implantar uma maltaria em Campos Novos para atender o mercado cervejeiro de micro cervejarias. Delineamos o projeto com mais afinco, me profissionalizei em cervejeiro. Com a ideia ainda mais formatada e bem elaborada, então em 2015 começamos a executar a ideia. Fiz mais cursos voltados a produção de malte. Projetamos e montamos equipamentos para realizar todos os processos. No final de 2015 rodamos os primeiros testes e em 2016 colocamos o produto no mercado”.

*Reportagem publicada no Jornal ‘O Celeiro’, Edição 1674 de 29 de maio de 2021.

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