Empreender

Na etimologia empreender – impehendo – significa tentar executar uma tarefa. Ainda que hoje eu acredite que quem tenta já começa com uma possibilidade de não conseguir, portanto é melhor fazer do que tentar, este é o significado.

Ainda é preciso entender que a maioria das pessoas é liderada por alguns poucos que tem coragem de empreender. O nome empreendedorismo, segundo Ivan de Souza do site rockcontent.com, que vem da palavra entrepreneur, significa aquele que começa algo novo e assume riscos, tendo sua origem em 1725. Se pensarmos bem, foi justamente no final do séc. XIX e início do XX que o comércio internacional teve sua maior expansão, desde o início, no final do séc. XV. Ainda sobre os riscos, quero ressaltar que todas as biografias que li de pessoas de sucesso, tinham algo em comum: a capacidade de assumi-los. Também, toda vez que penso nesta palavra me vem à mente o livro Oportunidades disfarçadas, de Carlos Domingos, que fez um lindo compêndio sobre histórias que começaram aparentemente mal, e que mais à frente viraram sucesso.

Dentre os casos que conta, Domingos cita a história de um rapaz que vendia livros e me chama a atenção. Ele ia de porta em porta oferecendo as obras, dentre elas a famosa Barsa (alguns chamam de antigo Google). Ele geralmente não era bem recebido, pois chegava nas portas das casas das pessoas quando elas não estavam esperando ou estavam fazendo algo mais importante e tinham que parar para atendê-lo. Certa vez, o dono de uma farmácia que vendia perfumes chamou este rapaz e propôs que ao oferecer os livros desse de brinde uma amostra do perfume para quem comprasse. O rapaz aceitou e pouco tempo depois as pessoas começaram a pará-lo nas ruas para lhe pedir se tinha mais perfumes para vender. A partir daí nasceu a Avon, que anos mais tarde veio a se tornar a maior empresa de vendas porta a porta do mundo.

Outro caso que me chama a atenção é de um aluno meu chamado Roberto Zagonel. Ele trabalhava na roça quando mais jovem, e recebia meio salário mínimo. Mais tarde foi estudar eletroeletrônica no Senai de Chapecó. Um dia o chuveiro da república onde ele morava estragou. Geralmente fica frio, pois queima a resistência, e neste caso não esfriava. Estava sempre pelando e o pior, em pleno verão. Então seus colegas o incomodaram para consertar, pois era o único que entendia daquilo. Quando se encheu de tanta cobrança, disse-me que pegou o chuveiro e se trancou no quarto. Ao abrir a peça superior, veio-lhe uma luz sobre a cabeça, como me relatou com suas próprias palavras. Criou então o primeiro chuveiro eletrônico do Brasil. Acontece que este projeto ficou guardado na gaveta por anos. Neste tempo, surgiu a oportunidade de fazer um concurso para a Celesc, onde, para se inscrever, teria que investir todas as suas economias. Além disso, eram dezesseis mil candidatos para uma vaga. Caso passasse, ele passaria de meio salário para vinte salários.

Todos disseram para ele não ser louco de fazer aquilo, pois não passaria. Obviamente ele não escutou os demais e se inscreveu. Quer saber o que aconteceu? Ele passou na prova escrita. Fez festa e comemorou.

Uma semana depois fez a prova física e devido a uma hérnia na coluna reprovou no teste físico. Ficou muito mal com a situação, realmente desanimado. Tempos depois, conseguiu iniciar a produção dos chuveiros eletrônicos que havia inventado em uma salinha pequena, que sempre que vou para Pinhalzinho passo à frente. Enfrentou concorrências querendo roubar seu projeto e sofreu com patentes até aprender. Grandes riscos correu.

Há alguns anos, uma senhora que perdeu uma das mãos e trabalhava em uma padaria, pediu a ele que inventasse uma torneira que mudasse a temperatura apenas com o toque, para facilitar a vida dela. Então ele inventou. Este projeto rendeu a ele o prêmio Stemmer de inovação. Nada menos que o homem mais inovador do Brasil.

Até o final deste ano a Zagonel terá oitocentos colaboradores. Em 2029 e empresa dele tem previsão de faturar um bilhão de reais. Me pergunto onde ele estaria se tivesse passado no concurso da Celesc.

Com estas histórias podemos entender que o empreendedorismo realmente não é para qualquer um. É para quem não se conforma com a zona de conforto, é para que tem coragem de assumir riscos, para quem persiste nos seus sonhos e principalmente, para quem não aceita “a melhor oportunidade que me apareceu”.

Por: Rodrigo R. Valentini
CEO Nobre treinamentos
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*Artigo publicado no jornal ‘O Celeiro’, Edição 1687 de 29 de julho de 2021.