O período entre o encerramento de um ano e o início de outro é o momento mais crítico para a saúde empresarial.
O diagnóstico financeiro e o planejamento estratégico definem quem sobrevive e quem prospera. Enquanto as luzes de Natal começam a piscar e a contagem regressiva para o Ano Novo se aproxima, o mundo corporativo entra em seu período mais frenético e decisivo.
Para os empresários, a transição entre o apagar das luzes de um ano e o acender das esperanças do próximo é muito mais do que uma data comemorativa; é o momento crucial da gestão financeira.
A importância da gestão financeira rigorosa neste período de transição não pode ser subestimada. Ela funciona como uma ponte: de um lado, o diagnóstico de tudo o que passou; do outro, a construção sólida do que virá. Negligenciar essa ponte pode significar começar o novo ciclo já em desvantagem.
O retrovisor no fechando do ano exige um olhar analítico para o “retrovisor”. Este é o momento do fechamento contábil e fiscal, um processo que vai muito além da mera burocracia para cumprir obrigações legais.
É a hora da verdade. Realizar o balanço patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) não é apenas sobre saber se houve lucro ou prejuízo, mesmo que o correto do fechamento ser mensal e não anual. É sobre entender onde o dinheiro foi ganho e como ele foi gasto. Quais linhas de produto foram rentáveis? Quais clientes trouxeram mais resultado? Onde estavam os ralos de despesas que minaram a lucratividade?
Este diagnóstico é vital, ele permite que a empresa avalie se as metas estabelecidas em janeiro foram alcançadas e, mais importante, por que foram ou não foram. Além disso, o final do ano concentra obrigações financeiras pesadas, como o pagamento do 13º salário, bonificações e o acerto de férias coletivas. Uma gestão despreparada pode sofrer um baque fatal no fluxo de caixa justamente quando deveria estar se fortalecendo.
Se o final do ano é sobre diagnóstico, o início do próximo é sobre estratégia. O grande erro de muitas empresas é entrar em janeiro “no escuro”, esperando o faturamento acontecer para então decidir o que fazer. Um planejamento eficaz faz o oposto: ele dita o ritmo do ano. Com os dados do ano que se encerrou em mãos, a gestão deve focar em três pilares para o novo ciclo:
1. Orçamento Empresarial:
Este é o mapa. O orçamento define quanto a empresa pode gastar, onde ela deve investir e quais são as projeções realistas de faturamento. Sem um orçamento, a empresa navega sem bússola, reagindo a tempestades em vez de antecipá-las.
2. Planejamento Tributário:
O início do ano é a janela para a escolha do regime tributário (Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real). Uma escolha errada, baseada em “achismo” ou na repetição automática do ano anterior sem análise, pode significar pagar milhares de reais a mais em impostos. A análise do faturamento e das despesas do ano anterior é fundamental para essa decisão estratégica.
3. Metas e Investimentos:
Com base no diagnóstico (o que deu certo) e no orçamento (o que podemos pagar), a empresa define metas claras. Vamos expandir? Vamos investir em marketing digital? Vamos trocar maquinário? O planejamento de início de ano transforma desejos em planos de ação com cronograma e responsável
A tempestade perfeita de janeiro, no início do ano, é traiçoeira. É comum que seja um mês de faturamento mais baixo (dependendo do setor), mas com custos fixos e variáveis altíssimos: impostos anuais (como IPVA e IPTU de imóveis da empresa), dissídios salariais e a “ressaca” dos gastos de fim de ano.
A empresa que não fez uma gestão de fluxo de caixa adequada no final do ano anterior começa o novo ciclo já buscando crédito, muitas vezes em condições desfavoráveis, apenas para “apagar incêndios”.
Em resumo, a gestão financeira na virada do ano é o alicerce da sustentabilidade empresarial. O final do ano oferece a fotografia da saúde atual do negócio, enquanto o início do ano oferece a tela em branco para pintar o futuro. Ignorar a importância de analisar essa fotografia antes de começar a pintar é o caminho mais curto para um quadro caótico. O sucesso de 2026 começa, sem dúvida, na disciplina financeira de 2025.
Por: Douglas Rayzer
Contador . RB Inteligência Corporativa
Contato: (49) 99907.8738
*Coluna ‘Evoluir Empresarial’, publicada no Jornal O Celeiro, Edição 1903 de 06 de Novembro de 2025.
