O maior legado olímpico

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Antonio Gavazzoni

Não vou falar aqui das obras construídas para sediar os jogos no Rio de Janeiro. Elas deverão ser importantes para a cidade, mas certamente não são a maior herança deixada pelos jogos Olímpicos 2016. O legado mais importante para o Brasil e para o mundo, a maior lição deixada pelas Olimpíadas, é a da superação.

As histórias de atletas que tiveram que vencer obstáculos pessoais antes de encarar as provas, dariam um livro ou um filme, e ilustram a capacidade do ser humano de se reerguer e recomeçar. Cito dois exemplos daqui e dois de fora. A brasileira Rafaela Silva se tornou a primeira atleta da história do judô brasileiro a ser campeã olímpica e mundial. Antes disso, porém, foi resgatada por uma ONG na Cidade de Deus porque estava pensando em desistir do esporte por conta do preconceito. O canoísta baiano Isaquias Queiroz, antes de se tornar o maior medalhista do Brasil numa Olimpíada, sofreu as mais variadas mazelas: queimadura com água fervente aos três anos, perda de um rim, acidente de carro, apenas para citar algumas.

E essa superação toda não é privilégio nosso. O fenômeno Simone Biles, ginasta “perfeita” dos Estados Unidos, vencedora de 14 medalhas em campeonatos mundiais (dez delas de ouro), foi enviada para um lar adotivo por conta do uso de drogas de sua mãe. A síria Yusra Mardini, de 18 anos, mesmo sem ter se classificado para a semifinal do nado borboleta, foi ovacionada mundialmente por sua história. Há cerca de um ano, ela e sua irmã nadaram durante três horas em mar aberto para salvar pessoas que, assim como elas, fugiam da guerra civil da Síria.

São histórias fortes e incrivelmente inspiradoras, que devem nos servir de exemplo. Existe até quem estude essas reviravoltas e aponte a superação de grandes dificuldades como receitas de felicidade. Para o psicólogo norte-americano Dan Gilbert, pesquisador da Universidade de Harvard e auto r do best-seller “O que nos faz felizes”, 75% das pessoas voltam a ser felizes dois anos depois do pior trauma que você possa imaginar. Ele estudou pessoas que tiveram grandes perdas na vida e que, tempos depois, se revelaram mais felizes que antes. Em entrevista ao jornal El País, Gilbert relatou vários casos, entre eles o de Moreese Bickham, cidadão negro americano que, ao tentar se defender após ser atingido por uma bala no estômago disparada por policiais ligados ao Ku Klux Klan, acabou condenado à morte pelas instituições racistas do Sul dos EUA de 50 anos atrás. Passou mais de 37 anos na prisão, 14 deles no corredor da morte. Trancado 23 horas por dia em total isolamento. Ao ser solto, comentou o tempo que passara na cadeia: “Não lamento um único minuto sequer. Foi uma experiência gloriosa”.

Para Gilbert, a felicidade está diretamente ligada à capacidade de superação. Ele lembra ainda que quando se é pobre, um pouquinho a mais de dinheiro gera uma felicidade imensa. Já um milionário precisará de uma quantia enorme de dinheiro para ter a sua felicidade minimamente aumentada.

Problemas todos temos, maiores ou menores. A principal diferença está em como lidamos com eles – e em como nos reinventamos depois deles.

Por: Antonio Gavazzoni

Secretário de Estado da Fazenda e doutor em Direito Público.

*Coluna publicada no Jornal O Celeiro, Edição 1443 de 25 de agosto de 2016.

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