Comércio local sofre com paralisação causada pela pandemia

Ainda não é possível quantificar as perdas, mas empresários se preocupam com manutenção de renda e emprego.

Campos Novos, após decreto estadual e municipal, tem vivido dias de quarentena que modificaram a dinâmica do município. O comércio e os serviços não essenciais se viram obrigados a fechar as portas paralisando os negócios. A decisão desagradou a maioria dos empresários locais, em virtude dos impactos econômicos que isso causará na sobrevida dos empreendimentos. Alguns ainda relutantes não obedeceram às leis a princípio, mas foram advertidos pelos órgãos de polícia. Não tem jeito, a lei teve que ser cumprida.

Consequências virão e já estão sendo sentidas. Governo Federal tem avaliado as perdas e já se posicionou para prestar auxílios aos pequenos e médios empresários. No município existem cerca de 1200 trabalhadores da área do comércio, e a manutenção de emprego e renda é preocupante neste período. É um momento de extrema tensão quando parece que há uma briga entre a saúde das pessoas e a saúde dos negócios. Até mesmo o presidente Jair Bolsonaro declarou não concordar com algumas ações, as quais, considera extremas.

Entidades representantes do comércio local CDL Campos Novos e Acircan estão preocupadas com o cenário que se apresenta. O impacto não será maior porque os serviços essências não foram fechados como a agricultura, logística, supermercados, farmácias e agentes. Porém, haverá uma recessão na indústria, agricultura, comércio e prestação de Serviços. Houve uma mobilização entre as classes e o Poder Público para que haja uma flexibilização que beneficie o empresariado. “Os empresários estão cada vez mais preocupados com suas empresas e manutenção dos empregos. Estamos também trabalhando em conjunto em uma campanha de valorização do comércio local para fortalecimento e manutenção dos empregos. Certamente após esse período nebuloso, teremos várias lições aprendidas e vamos sair mais fortalecidos para crescer e prosperar. Paralelo a essas ações, estamos em conversa com o presidente da Acircan para buscarmos junto aos bancos linhas de crédito emergenciais para socorrer os empresários, principalmente as microempresas. Não será fácil, mas estamos empenhados em conseguir”, contou Altair Granzoto, presidente da CDL Campos Novos.

Ilceu Machado, presidente da Acircan corroborou as palavras de Altair e reforçou a importância de dar atenção a este setor que é tão importante para a geração e manutenção de emprego e renda, fato que colabora com o desenvolvimento do município. Através da federação estadual a associação local encaminhou as principais demandas ao governador do estado, Carlos Moises da Silva. A entidade mostrou a apoio as medidas de prevenção contra a Covid-19, mas deixou claro seu compromisso com os segmentos da economia do município e região. “Tais medidas são realizadas para conter ou evitar uma situação ainda mais difícil no nosso sistema de saúde, e gradativamente voltarmos ao cenário da normalidade sem ter que desassistir ninguém. A ACIRCAN está ao lado do empresário e à disposição para auxiliá-los no que for necessário. Não estamos parados, estamos juntos buscando medidas de apoia as empresas e a comunidade camponovense, vamos buscar ferramentas, oportunidades e informações para diminuir as dificuldades de cada um de vocês”, garantiu Ilceu.

As perdas são obvias, mas ainda não é possível quantificar os efeitos. Recentemente a Fecomercio de Santa Catarina, entidade que reúne sindicatos patronais de setores do comércio, fez um levantamento sobre o panorama do antes e depois da pandemia do Coronavírus. Os dados foram coletados entre os dias 24 e 26 de março. O presidente da Fecomércio SC, Bruno Breithaupt, falou que o Poder Público deverá agir para ajudar os empresários. “As incertezas dos empresários em relação às consequências da pandemia nos negócios reforçam a necessidade de medidas rápidas e efetivas. Diante dessa nova realidade, governos federal, estadual e municipais precisam apresentar alternativas e soluções para o mercado se recompor, garantindo assim a manutenção do emprego e da renda em Santa Catarina”, avaliou.

De acordo com o levantamento nove em cada dez entrevistados (93%) tiveram queda no faturamento com a suspensão parcial ou total das atividades desde o início da pandemia. A variação média foi de -51,14% no caixa; mais da metade (66%) dos respondentes são empresas com até 10 colaboradores, de atividades não essenciais (78%) e com vendas exclusivamente em lojas físicas (40%); O abastecimento não foi prejudicado na maioria dos estabelecimentos (42%), porém 31,5% relataram o problema; 85% dos entrevistados estão prevendo ajustes junto aos empregados, desde a possibilidade de redução no quadro de funcionários (55,9%) até medidas mais brandas, como compensação de horas (47,1%) e concessão de férias individuais (44,1%). Esses são dados que incluem o setor em todo o estado.

Patrícia Dalmolin que atua como empreendedora no município relata as dificuldades que tem vivido nesta fase. “Abrimos as portas do nosso negócio há 4 meses. Como uma empresa que ainda vem pagando seu investimento inicial, sem qualquer reserva econômica pode sobreviver tantos dias fechada? Essa é a pergunta que me faço todos os dias. Já conversamos com os fornecedores, estamos traçando planos, porém isso não basta, o dinheiro não cai do céu. Acho que é importante preservar a vida, se a única forma é a quarentena está tudo bem, mas o governo precisa dar uma solução para gente, para as pequenas empresas, porque senão eu não sei se vamos sobreviver. Essa incerteza causa um mal tão grande, muito maior que o medo da doença. É triste demais ver seu sonho, algo que você dedicou estar a ponto de acabar sem que você encontre soluções eficientes para que isso não aconteça”, desabafou.

O governador do estado anunciou a prorrogação do decreto a partir desta quarta-feira (1). A renovação do decreto atende às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a prevenção ao contágio por Coronavírus. O comércio permanecerá fechado.

*Reportagem publicada no jornal ‘O Celeiro’, Edição 1620 de 02 de abril de 2020.

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