PROFESSORES: Antônio Rosa

Do Seminário para a sala de aula, Professor Antônio Rosa conta a sua trajetória de amor à Educação

Após estudar para Padre, morar no Paraguai e estudar no Canadá, foram mais de 30 anos dedicados à Educação.

O personagem desta edição do “Especial Professores” tem habilitação para lecionar Filosofia, História, Psicologia e Sociologia, contudo foi com a disciplina de Língua Inglesa que as portas do magistério se abriram para ele.

Antônio Rosa nasceu na comunidade de Santa Terezinha, que pertence hoje a Abdon Batista, suas raízes paternas têm origem portuguesa, sua mãe, de sobrenome Lopes de Abreu, pertence à 13ª família a chegar nas terras camponovenses, sendo uma das desbravadoras de Campos Novos. Nascido em uma família de pequenos agricultores, Antônio é o sétimo filho de uma família de 11 irmãos, e o primeiro deles a sair de casa.

Numa época de muitas dificuldades de acesso ao ensino, saiu de casa aos 14 anos para estudar no Seminário em Campos Novos, por aqui ficou durante quatro anos. Porém, a carreira de seminarista se estendeu por mais um bom tempo, como aluno interno passou pelas cidades gaúchas de Guaporé, Passo Fundo e Sarandi.

Fez faculdade de Filosofia em Curitiba, lá também fez um curso de Inglês e posteriormente foi para o Canadá, onde teve oportunidade de aperfeiçoar o idioma. E foi justamente a língua Inglesa que o trouxe para o Magistério, pois antes disso Antônio não pensava em exercer a profissão. Antônio Rosa não nega, sempre gostou de línguas, fala os idiomas Inglês e Espanhol e arrisca o Italiano, e ainda como seminarista, no ano de 1988, foi morar no Paraguai, para lecionar a Língua Inglesa.

E ao ver que sua vocação era outra, já com um ano de estudo de Teologia, desistiu do sacerdócio e retornou para Abdon Batista, cujo o município recém havia sido emancipado. Ali foi um dos primeiros funcionários da Prefeitura, trabalhou um período fazendo assessoria do prefeito e o restante do tempo atuando como professor.

Deste período para cá, o amor à profissão só aumentou, como veremos na entrevista a seguir:

  • Como foi o seu início no Magistério?

No ano 2000, após 10 anos de Magistério em Abdon Batista, decidi me mudar para Campos Novos. Aqui lecionei inglês nas Escolas CDI, Lírios do Campo, Santa Júlia e no Henrique Rupp Júnior, nesta última inclusive, fui efetivo por 23 anos.

Também trabalhei no Paulo Blasi, Gasparino Zorzi, CAIC e em todo este período incentivei que meus alunos seguissem a minha profissão, e deu certo, vários alunos ingressaram no Magistério e mais do que isso, se tornaram amigos para a vida toda.

  • O que você atribui essa relação de amizade que sempre teve com os alunos?

O Magistério é divino, é bom ser professor, se eu tivesse que escolher, seria professor de novo. Você não agrada a todo mundo, mas a maioria dos meus alunos gostam de mim, eu tenho dito, que ao dar amor, você recebe tudo em troca. Essa relação de amor, de amizade e de carinho, esse contato humano, antes de priorizar o conteúdo, faz toda a diferença nesta relação aluno e professor. Gostar do que faz e tratar bem as pessoas é a formula ideal para se dar bem na vida.

  • O que mais lhe marcou nesta passagem como professor?

Eu gostei de todas as escolas que passei e tive turmas fantásticas. Já dizia Heráclito na Grécia Antiga, tudo está em mudança e transformação e, para se ter uma ideia, se for comparar a minha primeira turma em 1990 para a minha última turma em 2022, alunos diferentes, direção diferente e, eu também não era mais o mesmo. Todo o início de ano era um desafio, toda a sala é um desafio, cada sala é diferente uma da outra, na dedicação, no comportamento, na conexão, enfim, têm turmas diferenciadas e que nunca esquecemos, eram mais do que alunos, eram irmãos.

  • Como avalia a sua passagem na política?

Trabalhei por mais tempo na Escola Henrique Rupp Júnior, mas devido à função de vereador tive que reduzir consideravelmente a minha carga horária.

Eu sempre gostei de política, desde a época do Grêmio Estudantil no 2º Grau, depois TCE. Fui vereador pela primeira vez em Abdon Batista, durante um mandato de 1996 a 2000 e, dois mandatos de vereador em Campos Novos, de 2013 a 2020. Me dediquei muito à política, e inclusive em sala de aula, eu sempre desafiava meus alunos dizendo, “eu quero desta sala dois médicos e dois políticos”, e isso causava uma estranheza neles, no entanto, tive alunos que atualmente exercem as mais diversas profissões, são médicos, agricultores, engenheiros, padres, o que você imaginar.

  • Atualmente quais são as atividades que desempenha?

Após me aposentar, fico bastante tempo no sítio, onde desenvolvo a minha produção de alimentos sem uso de agrotóxicos, cultivo muita variedade para consumo próprio e, ainda dou suporte aos meus dois filhos no Escritório de Advocacia aqui na cidade. Sempre participei do Sindicato dos Professores, fui coordenador regional, e mesmo longe da sala de aula continuo atuante, participando das assembleias e defendendo a nossa classe.

  • O que espera da Educação no Brasil?

A Educação está precisando de mudanças e trago novidades. Estive conversando com Pedro Uczai, uma pessoa especialista em educação, que viaja pelo mundo e durante o nosso bate-papo discutimos a nova grade curricular, bem como o Novo Ensino Médio, que mal foi lançado e já está para deixar de existir.

Existe uma transformação na Educação hoje e todos os países do mundo estão em crise no campo educacional. São diversos os questionamentos: Qual é a melhor forma de ensinar Qual é o tempo necessário do aluno na escola? Qual conteúdo devemos trabalhar? Portanto, estamos passando por uma crise global na educação, e não há uma clareza em qual caminho seguir, devido a esta transformação da juventude, do novo formato familiar e diante das novas tecnologias.

Se você tem uma educação de qualidade, teremos uma sociedade de qualidade, devemos investir na Educação para que não seja necessário investir em presídios. A transformação do mundo passa pela escola.

*Reportagem publicada no Jornal O Celeiro, Edição 1797 de 21 de setembro de 2023.

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