A ansiedade de separação é um distúrbio comportamental que acontece no momento em que o cão é deixado ou separado, por algum período do dia sozinho, sem a presença de algum tutor que o animal tenha maior vínculo.
A ansiedade que o animal apresenta ocasiona vários comportamentos que, muitas vezes, não são bem compreendidos pelo seu tutor. Os caninos que apresentam o distúrbio, geralmente têm comportamento destrutivo, o qual é interpretado pelo proprietário como sinal de rebeldia.
Além do comportamento de destruição, existem outros sinais que podem ser observados, como vocalização excessiva (uivo, choro, latido), micção e defecação em locais impróprios, lambedura, automutilação, hipersalivação, tremores e falta de apetite.
Se o cão ficar rodeando a mesa quando o proprietário come ou dormir na mesma cama com o tutor, pode trazer consigo um efeito negativo pra esse animal, pois o cão que possui esse hábito tem uma maior probabilidade de adquirirem a síndrome da ansiedade de separação.
A causa do distúrbio comportamental é multifatorial, como, estresse ambiental por falta de estímulos, espaço inapropriado, falta de socialização, dependência e punições negativas.
Outras prováveis causas da síndrome podem ser provenientes de alguma experiência traumática, a qual o animal foi submetido. Principalmente em momentos em que estava sozinho, ele pode ter ficado preso em algum local, sem conseguir a ajuda de alguém, sons de alarme, barulhos de trovão, acidente doméstico como incêndio ou presenciar um roubo em casa.
Alojar outro animal na casa pode trazer benefício para o paciente que sofre com o distúrbio, isso faz com que, o novo integrante se torne uma companhia para o animal doente, o qual sofre na ausência do dono. Contudo, não significa que, mesmo na presença de outro cão ele não possa desenvolver o problema, visto que, pode estar ligado à ausência do tutor.
O adestramento também entra no protocolo de tratamento. Existem várias técnicas que podem ser utilizadas e uma delas é o contra condicionamento, o qual tem o intuito de modificar a resposta negativa do cão a um estímulo. Reduz-se a sensibilidade do cão, expondo gradativamente a um estímulo que lhe provoque medo, até que ele se habitue ao estímulo, não lhe causando mais desconforto e mudando o comportamento de ansiedade por outro desejável.
Outra opção de tratamento é o uso de um feromônio sintético, o qual simula o feromônio produzido pela cadela no tecido mamário, logo após o nascimento dos filhotes. Sua indicação é a tranquilização e relaxamento, principalmente, para o cão que sofre de ansiedade, alguma mudança na rotina, medo ou qualquer outro fator estressante. Pode ser utilizado em cães adultos e jovens, e seu uso é através de difusor ou spray.
A ansiedade de separação é uma das doenças comportamentais mais comuns em cães, contudo, ainda pouco diagnosticada. Dessa forma, compreende-se a necessidade de Médicos Veterinários com conhecimento em comportamento animal. Os quais irão, de forma precisa, diagnosticar o distúrbio, visto que, a enfermidade manifesta-se com sinais variados e muitas vezes não específicos. Ademais ao diagnóstico, a forma como o problema será abordado, fará toda a diferença na qualidade de vida do paciente. Os veterinários precisam informar e educar os tutores sobre a doença e as maneiras corretas de manejo.
Cabe ressaltar a necessidade de comprometimento dos proprietários, pois o sucesso do tratamento não depende apenas do veterinário, nem do adestrador, mas o tutor também precisa de dedicação com as tarefas e a medicação que for receitada. Com o tratamento correto, disciplina do proprietário e adestramento, é possível sim, ter melhora significativa dos sinais, principalmente da ansiedade, promovendo bem-estar ao animal e consequentemente a cura.
Por: Vanessa Barcarolo
Vida com Patas Clínica Veterinária
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*Coluna ‘Cuidados com Pets’, publicada no Jornal O Celeiro, Edição 1857 de 21 de novembro de 2024.


