Um estado cooperativista

Santa Catarina é uma unidade da Federação com alma cooperativista: mais de 4,6 milhões de catarinenses estão associados a alguma cooperativa, movimentam R$ 91 bilhões em riquezas, geram milhares de empregos e respondem por boa parcela do desenvolvimento barriga-verde.  Por isso, nos últimos anos, as entidades de representação do setor pugnaram para criação de instrumentos institucionais de apoio e promoção do setor. Assim, em 2016 o governador João Raimundo Colombo editou a regulamentação da Lei nº 16.834, de 2015, que institui a Política Estadual de Apoio ao Cooperativismo. Surgiu aí um instrumento essencial para fortalecer as cooperativas catarinenses e ampliar seu protagonismo social e econômico em território barriga-verde.

A Política Estadual de Apoio ao Cooperativismo (PEAC) consiste no conjunto de diretrizes e regras voltadas para o incentivo a todos os ramos cooperativistas e ao seu desenvolvimento no Estado. A lei determina que, em linhas gerais, incumbe aos órgãos e entidades da administração direta e indireta do Estado, no âmbito de suas respectivas competências, dar provimento de forma integrada às ações de apoio ao cooperativismo.

À Secretaria de Estado da Agricultura cabe a coordenação geral das atividades que compreendem, entre outras, a formulação de políticas públicas visando promover o desenvolvimento cooperativista, por meio da sua Diretoria de Cooperativismo e Agronegócios e suas Gerências. Aos demais órgãos e/ou entidade da administração cabe fornecer subsídios para a prestação de assistência educativa e técnica, bem como promover estudos e pesquisas, de forma a contribuir com o desenvolvimento da atividade cooperativista no Estado.

Da mesma forma, devem estimular e instituir parcerias, acordos e celebração de convênios ou de outros instrumentos congêneres para a operacionalização e o desenvolvimento do sistema cooperativo, visando estimular o contínuo crescimento do setor, nos termos da legislação específica sobre a matéria.

Na prática, alguns objetivos avançaram, a exemplo de políticas públicas. Na Secretaria de Estado da Agricultura, a Diretoria de Cooperativismo e Agronegócios tem o olhar voltado para as parcerias entre o executivo e o setor cooperativista. Outros exemplos são o programa Terra Boa, que há muitos anos é operacionalizado entre a Secretaria e as cooperativas; e a criação da preservação da memória cultural das cooperativas. Contudo, outras metas ainda não saíram de fato do papel, como a inclusão do estudo do cooperativismo nas escolas.

A lei também fortalece o ramo de crédito. As cooperativas de crédito e cooperativas centrais de crédito em vigor, podem, em igualdade de condições com outras instituições financeiras, ser credenciadas para prestar serviços bancários para recolhimento de tributos e pagamento de vencimento, remuneração ou subsídio aos servidores públicos civis e militares ativos e de proventos aos inativos e pensionistas da Administração Pública estadual e, também, concessão de empréstimo ou prestação de serviço a servidor público, na forma da legislação em vigor.

Uma das principais inovações foi a criação do Conselho Estadual de Cooperativismo (CECOOP). O Conselho foi regulamentado no decreto nº 778, de 2016. Tem por objetivo fornecer subsídio para a formação de políticas públicas com vistas a desenvolver o cooperativismo. Ele foi instituído em agosto de 2018, porém teve apenas uma reunião de fundação, junto com a aprovação do regimento interno. À pedido da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC), o conselho será reativado neste ano por uma iniciativa da Secretaria da Agricultura, que preside o CECOOP.

O CECOOP deve fornecer subsídios para as políticas públicas a serem adotadas pelo Estado para desenvolvimento das cooperativas. Tem como competência coordenar as políticas de apoio ao cooperativismo; acompanhar a elaboração da proposta orçamentária do Estado para o cooperativismo; elaborar o seu regimento interno e suas normas de atuação, e celebrar convênio com entidades públicas ou privadas para a execução de projetos de apoio ao desenvolvimento do sistema cooperativista.

A aprovação da Lei e do Conselho tiveram o apoio da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), formada por deputados com assento na Assembleia Legislativa que aderem às pautas cooperativistas e fazem a defesa nas elaborações das leis que podem favorecer o movimento cooperativista. A lei, o Conselho e a Frencoop são guardiões da cultura cooperativista de Santa Catarina.

POR: VANIR ZANATTA

Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)

spot_img

Mais lidas na semana

CDL Lança Promoção de Vendas ‘Natal Celeiro da Paz’ 2025

Ao todo serão sorteados 40 MIL reais em Vale...

FIESC lança novo site do Fundo Social, com 190 projetos aptos à captação de recursos

Endereço é fundosocial.sesisc.org.br; plataforma traz iniciativas de cultura, esporte,...

Lei Maria da Penha vai além da proteção das mulheres

A juíza Ana Paula Mattar, da 2ª Vara Criminal...

“Caipora Viu” – expressão familiar que dá nome ao galpão que transforma memória em herança cultural

Espaço criado por Benito Zandoná homenageia o avô e...

CNH acessível: governo quer curso teórico gratuito e fim da obrigatoriedade de autoescola

Governo federal propõe CNH mais acessível com curso teórico...

Notícias relacionadas

Campos Novos
nuvens dispersas
23.1 ° C
23.1 °
23.1 °
39 %
2.1kmh
33 %
ter
25 °
qua
21 °
qui
21 °
sex
21 °
sáb
23 °

Categorias Populares