Nos últimos anos, houve avanço na qualidade de vida dos animais contribuindo para o aumento na longevidade dos cães.
No entanto, maior é a tendência em desenvolver neoplasias e doenças ligadas à idade. Nas fêmeas caninas, os tumores mamários são considerados os mais prevalecentes compreendendo, em média, 25 a 50% de todas as neoplasias diagnosticadas nesta espécie.
Considerando que aproximadamente 35 a 50% dos casos são malignos. Um aspecto relevante na neoplasia maligna é a maior possibilidade de ocorrência de metástases, o que acarreta um pior prognóstico. A metástase está presente, normalmente, nos linfonodos regionais, ou à distância, afetando principalmente órgãos como pulmão, e em menor proporção fígado, baço, adrenal, coração, rim e encéfalo.
A técnica de eleição para neoplasia mamária em cadelas, é a ressecção cirúrgica (mastectomia)sendo considerada a base do tratamento e a mais efetiva para neoplasias mamárias. Associado a cirurgia pode ser necessário terapias adjuvantes.
Na execução da técnica de mastectomia, os linfonodos inguinais são seccionados junto da mama equivalente, porém, o linfonodo axilar na maioria das vezes só é removido se apresentar aumento de volume. O linfonodo sentinela é delimitado como o primeiro gânglio da cadeia linfática a drenar o tumor inicial. Desta maneira, as células neoplásicas se dirigem previamente a este sítio, sendo a partir dele distribuídas para outras regiões.
Durante o transoperatório é aplicado corante (azul de metileno) intradérmico, assim facilitam a visualização do gânglio linfático e retirada do mesmo, para realizar histopatológico e definir prognóstico da doença.
As afecções mamárias de caráter neoplásico em cadelas podem ser benignas ou malignas. Os tumores com apresentação benigna são conhecidos por manifestar uma taxa de desenvolvimento mais lenta, o que não interfere no fato de poder ter um crescimento expansivo.
As neoplasias benignas possuem limites bem delimitados, e podem se comportar de forma capsular, havendo ausência de características metastáticas e presença de necrose por pressão. Enquanto as neoplasias classificadas como maligna possuem desenvolvimento acelerado. Neste caso, as células cancerígenas podem se misturar com as células normais, o que torna esse tipo neoplásico pouco delimitado e com crescimento invasivo.
Os tumores malignos são conhecidos pelo desenvolvimento de metástase, e em alguns casos quadros de ulceração de tecidos.
Existem vários critérios que devem ser considerados ao se escolher o método cirúrgico para retirada da neoplasia, tais como a dimensão do tumor e a infiltração dos tecidos vizinhos; a quantidade de nódulo, o local acometido; a situação clínica do paciente.
Na mastectomia regional são removidos a mama acometida pelo tumor, a mama adjacente e o seu respectivo linfonodo regional. A técnica é indicada apenas em casos de lesões únicas, relacionadas com tumores de agressividade reduzida, com dimensão máxima de três centímetros, que não apresentam aderência em tecidos vizinhos, com crescimento lento, sem presença de ulceração ou sinais de inflamação.
O emprego da mastectomia unilateral total compreende uma abordagem radical, este procedimento é realizado quando existem múltiplos tumores na cadeia mamária. A técnica em questão realiza a exérese e retirada de todas as glândulas, como um bloco único do sistema mamário, além de remover os linfonodos superficiais, axilares e inguinais. É importante respeitar uma margem de pelo menos um a dois centímetros entorno dos tumores que serão removidos.
Em relação as neoplasias mamárias são extremamente importantes incluir na rotina de exame clínico a pesquisa de nódulo mamário, buscando diagnosticar de forma mais precoce essa afecção. Nos animais diagnosticados com a neoplasia é necessária a realização de estadiamento tumoral adequado, objetivando definir o prognóstico e melhor tratamento de acordo com o quadro do paciente. Em relação ao tratamento, o mais eficiente ainda é o cirúrgico com ressecção ampla que culmine em margens tumorais livres, além da avaliação exata do tipo tumoral por meio de exame histopatológico. Além disso, em caso de neoplasias malignas a associação de tratamentos adjuvantes como quimioterapia podem se fazer necessários e melhorar o prognóstico.
Por: Vanessa Barcarolo
Vida com Patas Clínica Veterinária
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*Coluna ‘Cuidados com Pet’s’, publicada no Jornal O Celeiro, Edição 1900 de 16 de outubro de 2025.


