A reforma tributária, aprovada pelo Congresso, promete mexer profundamente com a forma como os impostos são cobrados no Brasil. E, claro, os produtores rurais — que estão no coração da economia do país — sentem de perto essa mudança e serão um dos principais afetados. Afinal, o campo responde por grande parte do PIB, gera milhões de empregos e garante o abastecimento interno e externo.
O que muda na prática que hoje, o produtor rural não precisa lidar com uma verdadeira “colcha de retalhos” de impostos: PIS, Cofins, ICMS, ISS, IPI, cada um com suas regras, alíquotas e obrigações. Isso significa um peso enorme de burocracia, que muitas vezes exige contratar contadores e manter uma estrutura administrativa que foge da realidade de quem deveria focar na produção.
Com a reforma, a ideia é simplificar, esses impostos serão substituídos por dois novos: o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que será dividido entre estados e municípios, e a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), de responsabilidade federal. A principal mudança para o campo está no modelo de tributação sobre o valor agregado. Em outras palavras, os impostos não serão cobrados de forma cumulativa em cada etapa, mas apenas sobre a diferença entre o que foi comprado e o que foi vendido.
Os desafios que vêm pela frente, pois nem tudo será fácil. O primeiro obstáculo é a transição: por alguns anos, o sistema antigo e o novo vão coexistir, o que pode gerar confusão e exigir atenção redobrada.
Outro ponto é a necessidade de profissionalização. O produtor rural que ainda não tem controle rigoroso das suas finanças e notas fiscais vai precisar se adaptar. Pequenos produtores, especialmente, podem sentir dificuldade para atender às novas exigências.
E há também a questão da carga tributária final. Embora a promessa seja de neutralidade — ou seja, o governo não arrecadar mais nem menos do que já arrecada —, é possível que alguns setores do campo paguem mais e outros menos. Isso vai depender do tipo de atividade, da escala de produção e da forma de comercialização.
A gestão será a palavra-chave, no fim das contas, a reforma traz um recado claro para os produtores rurais: é hora de encarar a fazenda também como empresa. Planejamento, organização financeira e gestão tributária deixam de ser opcionais para se tornarem ferramentas indispensáveis.
Aqueles que já usam sistemas de gestão e têm apoio contábil especializado sairão na frente. Quem ainda trabalha de forma mais informal precisará correr atrás para não perder competitividade.
A reforma tributária chega como uma promessa de simplificação, mas também como um desafio de adaptação. Para o campo, ela pode significar menos burocracia e mais competitividade, especialmente no mercado externo.O produtor rural que se preparar desde já, entendendo as novas regras e organizando sua gestão, terá muito mais chances de aproveitar os benefícios e superar as dificuldades desse novo cenário tributário que começa a nascer no Brasil.
Por: Douglas Rayzer
Contador . RB Inteligência Corporativa
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*Coluna ‘Evoluir Empresarial’, publicada no Jornal O Celeiro, Edição 1898 de 02 de Outubro de 2025.


