Contador, advogado e escritor: Alvadi Mantovani fala sobre sua trajetória em Campos Novos
Filho de agricultores, Alvadi seguiu por um caminho diferente escolhendo a advocacia como carreira.
Com 21 anos Alvadi Mantovani se despediu de sua cidade natal, Capinzal, mudando-se para definitivamente para Campos Novos. Aqui ele trabalhou, formou família e presenciou cada passo dado por Campos Novos no caminho do progresso. Mas como este capinzalense veio parar no município? Por coincidência, ou não, em 1983 ele recebeu uma proposta para trabalhar no Grupo Zortea, indicação de uma funcionária da empresa em que ele estava trabalhando. Em dúvida sobre o convite, logo decidiu se mudar e em 1984 começou sua sina em busca dos seus sonhos. Advogado e contador por formação e escritor por paixão, Alvadi compartilha algumas de suas experiências e lembranças.
Nascido no meio rural, o jovem tinha tudo para optar pela carreira de produtor, como acontece com muitos jovens filhos de produtores rurais. Mas não era este o objetivo de Alvadi, ainda jovem ele nutria o desejo de ser um jornalista, afinal a escrita era um grande dom. “Eu tinha facilidade para escrever. Eu sempre fui um bom aluno, eu participei de um concurso de redação na escola e fiquei em segundo lugar, até hoje eu tenho a medalha”, relembra. Sem muitas opções ele fez o curso técnico de contabilidade, área que trabalhou por algum tempo. Seu primeiro emprego na empresa Auto Elite em Capinzal, como auxiliar de contabilidade. Foi justamente nesta empresa que ele encontrou o passaporte para Campos Novos. “Na empresa que eu trabalhei tinha uma senhora que preparava café e o filho dela trabalhava em Campos Novos, mas ele havia passado num concurso público e teria que deixar o atual cargo. Ela intermediou o contato entre nós e eu recebi o convite para trabalhar no Grupo Zortea, localizado no município de mesmo nome, quando este ainda pertencia a Campos Novos”, relata. Após muito pensar ele aceitou o convite e trabalhou na empresa de 1984 a 1998.
Com 21 anos ele chega ao município ainda cheio de sonhos. Em 1986 ele iniciou o curso de Direito na Unoesc Joaçaba. Nesta profissão ele permanece até hoje e segue apaixonado. “Eu fiz a segunda turma de Direito em Joaçaba, em 1986. Eu adoro o Direito, ele te dá uma amplitude enorme. A visão de mundo muda totalmente. Desde antes de você nascer até após a morte você está envolvido com o direito”, afirma. Na época de sua formação o campo do direito no município ainda era pequeno. “Quando comecei a trabalhar como advogado, havia cerca de 15 profissionais da área, hoje temos mais de cem. O direito é uma área que você tem que sempre estudar. E ainda há muito espaço para trabalhar, a população está aumentando, as situações em que o direito atua também aumentam. Médico e advogado um dia você vai precisar”, brinca Alvadi, que também foi presidente da Ordem dos Advogados da subseção de Campos Novos, de 2010 a 2012.
Não só o Direito evoluiu, o município passou por uma renovação que Alvadi presenciou e destaca as inúmeras mudanças. “Quando cheguei aqui Campos Novos era tudo completamente diferente. Só tinha casa, não havia prédios e edifícios. As ruas eram todas de calçamento, era muita buraqueira, havia dificuldade para andar de carro. Não tínhamos rede de esgoto, não tinha rede fluvial. Isso há 36 anos. As pessoas ainda tinham resquícios daquela época de violência. Emprego era difícil, a agricultura não era mecanizada, e a produtividade era menor. Não se ouvia falar em plantio direto. A única cooperativa que tínhamos era a Copercampos. Com a vinda da barragem, as coisas começaram a acontecer.
A receita do município aumentou, muita gente de fora veio trabalhar aqui. A mudança foi absurda nos últimos vinte anos. Mais empregos, mais trabalho, melhor comércio. O visual mudou, temos prédios, edifícios. Temos hoje uma cidade limpa e organizada”, observa o advogado.
Conhecido no município, principalmente por sua atividade profissional, algo inusitado aconteceu na sua vida particular que ganhou repercussão nacional: sua história de amor com a ex-esposa foi contada no programa Fantástico, da Rede Globo, no quadro Retrato Falado. Com a fama do programa Alvadi foi reconhecido até memos por uma juíza numa audiência.
Além das aptidões como advogado, contador e celebridade global por um dia, Alvadi deleita-se na escrita, e nos momentos de folga ele se dedica a literatura. ‘Do Inferno ao Paraíso’ é o seu primeiro livro publicado. O segundo já está no forno esperando data para publicação, e logo ele iniciará a escrita do terceiro. Ele ainda tem mais planos para o futuro. “Vou continuar trabalhando, eu não consigo parar. Ainda sou cheio de sonhos. A mente é jovem e não envelhece”, declara,
Mais da metade da sua vida foi em Campos Novos, e boa parte das suas experiências foram vividas aqui, por isso seu sentimento pelo município é grande. “Meu sentimento por Campos Novos é o melhor possível. O município me adotou como filho. Estou há 37 anos aqui. Sou mais camponovense que capinzalense. Minha vida útil foi toda aqui. Ela vai superar outras cidades de região. Ele vai continuar evoluindo. Daqui a dez anos Campos Novos estará totalmente diferente do que é hoje. Amo essa cidade”, declara-se Alvadi.
*Reportagem publicada no Jornal ‘O Celeiro’, Edição 1700 de 28 de outubro de 2021.