Novas medidas sanitárias para prevenção do mormo em Santa Catarina

Portaria amplia prazo de validade de exames para mormo no transporte de equídeos dentro do estado de Santa Catarina.

Eleonora Schmitt Machado
Eleonora Schmitt Machado, responsável pela sanidade de equídeos no Departamento Estadual de Defesa Sanitária Animal da Cidasc

A Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca estabeleceu novas medidas sanitárias para prevenção e controle do Mormo em Santa Catarina. A partir de agora, para o transporte de equídeos dentro do Estado a validade dos exames para Mormo será de 180 dias, desde que os animais sejam oriundos de propriedades onde todos os cavalos tenham sido testados para a doença, como reforça Eleonora Schmitt Machado, responsável pela sanidade de equídeos no Departamento Estadual de Defesa Sanitária Animal da Cidasc. “As medidas que estão previstas na portaria é o aumento da validade dos exames para 180 dias. O proprietário que estiver interessado se dirige à Cidasc e faz a solicitação de adesão”, explicou.

Eleonora Schmitt Machado esteve em Maio na Regional da Cidasc em Campos Novos,  a fim de visitar propriedades e acompanhar o trabalho de monitoramento da doença na região.

Ela esclareceu que a mudança na validade dos exames está autorizada apenas para os animais que transitarem dentro do Estado e desde que saiam de propriedades monitoradas, ou seja, onde todos os outros cavalos tenham sido testados para a doença. “Nós estamos identificando estas propriedades como monitoradas, os proprietários precisam estar com os exames de todos os animais. Quando eles levam os exames para os escritórios da Cidasc, nosso pessoal insere no sistema e identifica que esta propriedade está monitorada e os exames passam a valer automaticamente 180 dias. Caso os equídeos sejam oriundos de propriedades onde os outros animais não tenham sido analisados, o exame continua tendo validade por 60 dias. E essa validade de 180 dias é somente dentro do estado, fora o exame também continua valendo só 60 dias”, informou Eleonora.

Os exames devem ser apresentados quando o proprietário for solicitar a Guia de Trânsito Animal – GTA, e devem ser levados durante o transporte do cavalo para eventos agropecuários. O material para exame é colhido por veterinários particulares e encaminhado para um laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA. Se algum animal estiver doente deve ser sacrificado e seu proprietário será indenizado pelo Fundo Estadual de Sanidade Animal – Fundesa. Antes de sacrificar o animal, porém, são realizados vários exames. “São feitos vários tipos de exames, a gente nunca sacrifica o cavalo com base em um exame só. Confirmada a doença, tem que ser sacrificado e a gente passa para o saneamento da propriedade, que é fazer exames em todos os outros cavalos. Se houver dois exames negativos consecutivos, num intervalo de 45 a 90 dias entre a primeira e a segunda colheita, a propriedade será liberada para transitar novamente. É interessante que o pessoal que participa de eventos cobre de todos os participantes, porque o interesse de ter um animal saudável é de todos. Então se tiver algum animal que não esteja saudável, colocará em risco todos os demais”, salientou a técnica da Cidasc.

Para eventos como rodeios, o criador deve apresentar exames de mormo, anemia infecciosa equina e atestado de vacinação de não ocorrência de influenza.

A doença

O Mormo é uma doença infectocontagiosa provocada pela bactéria Burkholderia mallei e pode apresentar-se na forma aguda ou crônica, sendo que a primeira é mais comum em asininos e muares e a forma crônica acomete mais os equinos (cavalos). A doença pode ser transmitida ao ser humano através do contato com secreções e úlceras cutâneas de animais doentes e com objetos contaminados.

As pessoas que mantiverem contato com animais suspeitos ou positivos devem procurar os serviços de saúde pública. Lembrando que toda suspeita de Mormo deve ser notificada imediatamente à Cidasc para que sejam adotadas as medidas sanitárias pertinentes. “O mormo é uma doença que pode causar problemas respiratórios no cavalo, o animal pode apresentar uma gripe leve até uma pneumonia forte, problemas de pele linfáticos. O problema do mormo é que tanto passa para outros cavalos, como para as pessoas, é considerada uma zoonose”, esclareceu Eleonora.

Nas pessoas a doença é de difícil identificação, alertou ainda a técnica da Cidasc. “O problema do mormo nas pessoas é que os médicos geralmente não conhecem a doença. Até porque há pouco tempo o mormo era uma doença que só acontecia no Nordeste e agora está no país inteiro. Aí a pessoa vai para o hospital com uma pneumonia e chegando lá o médico faz uma antibiótico-terapia para pneumonia comum e antibiótico que deve ser usado para combater a bactéria do mormo é diferente”, enfatizou.

Reforçando que toda suspeita de Mormo deve ser notificada imediatamente à Cidasc para que sejam adotadas as medidas sanitárias pertinentes.

Casos de mormo em Santa Catarina

Até janeiro deste ano, Santa Catarina apresentava 21 focos de Mormo e teve 28 animais sacrificados. Para analisar o quadro da doença no estado, a Cidasc realizou mais de 29 mil exames em equinos. Na região de Campos Novos, nenhum caso foi registrado.

*Reportagem publicada no Jornal “O Celeiro”, Edição 1429 de 26 de Maio de 2016.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui