Muito feijão na panela

João Alexandre Di Domênico investe mais na cultura e produtividade está atendendo as expectativas.

Cultura da tradição, de grandes conquistas, mas também de grandes decepções. A instabilidade do feijão, tanto na valorização do mercado como em produção, faz com que muitos desistam de investir na leguminosa, porém, os produtores tradicionais de feijão não deixam uma safra sequer, sem semear a cultura.

O ano de glória em preço na comercialização do feijão foi em 2016, graças à baixa oferta do produto no mercado e os produtores da região de Campos Novos aproveitaram o bom momento. Já nesta safra 2016/2017, o feijoeiro está com preços menores dos praticados no ano anterior, mas o produtor não pode ver isso como um problema.

Essa é a visão do associado da Coocam, João Alexandre Di Domênico, que está vendo na produtividade da lavoura, indicativo de uma boa safra de feijão. Neste ano foram investidos 130 hectares, contra 75/ha na safra passada. O motivo não foi a supervalorização do produto no anterior, afirma João Alexandre.

“Nós tínhamos um planejamento e em virtude das colheitas de trigo e por rotação de culturas aumentamos a área. No feijão, o produtor não pode se basear em preço de um ano para o outro. Como é uma leguminosa, é oferta e demanda e muda muito rápido o mercado. O feijão pode perder de R$ 50,00 a R$ 60,00 em uma semana, e nós sabemos que R$ 500,00 não iria mais pegar esse ano o produto”, informou.

Silvio Zanon, João Alexandre e José Cílio

Com clima colaborando para o desenvolvimento da cultura, a produção deve ser superior a média da safra anterior, destaca João Alexandre. “Tivemos um clima colaborando, com chuvas no florescimento e enchimento de grão e acredito que o ano foi bem favorável pra cultura. Questão de preço não tem como dizer, mas em produção vemos que é diferenciada. Nossa expectativa é de colher acima dos 40 sacos/ha de média, pois no ano passado tivemos uma média abaixo dos 20 sacos/ha”, explicou João Alexandre Di Domênico.

A tradição em plantar feijão existe na propriedade de João Carlos Di Domênico e isso é passada de pai pra filho. “Todo ano plantamos feijão, ao menos 10% da área total da fazenda e isso vem desde meu pai e damos continuidade aos ensinamentos dele. É uma cultura de risco e assim como você pode vender a R$ 100,00 o saco, você pode vender a R$ 500,00 e em um ano bom de produção, a cultura pode dar uma rentabilidade maior que até a soja. É um risco maior, por clima e preço, mas que vale a pena”, explicou ainda.

De acordo com Silvio Zanon, Engenheiro Agrônomo da Cooperativa Agropecuária Camponovense – Coocam, a área de produção de feijão na região de Campos Novos se mantém, safra após safra – 8 mil hectares, segundo o IBGE -. “É uma cultura tradicional e que muitos produtores gostam de investir. É claro que ela é uma cultura que merece mais atenção, manejo diferenciado de pragas e doenças, mas que tem no preço um grande diferencial, dependendo claro da oferta do produto no mercado. Os associados da Coocam gostam do feijão e investem para produzir bem e isso é fundamental, porque colher bem, já possibilita uma rentabilidade ao final da safra”, explicou Zanon.

Por: Felipe Götz

*Reportagem publicada no jornal “O Celero”, Edição 1474 de 13 de abril de 2017.

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