O pensar e o agir do turista sustentável

Plano de ação conscientiza educandos do Centro Educacional Potencial para o papel do turista sustentável

Não raro, os conceitos de ecoturismo, também conhecido como turismo de natureza, e de turismo sustentável são equivocadamente utilizados como sinônimos. Ao passo que o primeiro se configura como um segmento do turismo, cujo desenvolvimento se baseia em atividades norteadas pela conservação e formação de consciência ambiental, o turismo sustentável vai muito além e, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), apresenta-se como uma forma de fazer turismo, aplicável às mais diferentes vertentes do setor, seja qual for o destino. Aprender essa forma de fazer turismo, e como fazê-lo, é indispensável na atualidade, não sendo por acaso a decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) em promulgar 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento.

Relevante, portanto, o tema foi adotado pelo Centro Educacional Potencial que, assim como faz desde 2011, abraçou a oportunidade de propagar conhecimento conectado com as urgências mundiais e desenvolve o Projeto Anual “Desbravar para conhecer, desenvolver sem destruir – Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento”, o qual tem se destacado por ações executadas em todos os níveis de ensino envolvendo educandos, educadores, famílias e comunidade.

Dentre o que está em pauta e que dá enfoque àquilo que é local, destaca-se a ação “O pensar e o agir do turista sustentável”. Sob o comando da educadora Márcia Albani Nohatto, as crianças do 2º ano do Ensino Fundamental I têm feito descobertas e aprendido sobre questões que ampliam suas percepções de mundo, criando a consciência de pertencimento a um contexto sócio, histórico e cultural, no qual se sabe que atos individuais reverberam no coletivo, no ambiente e no planeta. Partindo do estudo inicial do título do projeto, fazendo cada educando externar suas ideias sobre ele, a educadora seguiu trabalhando o assunto transversalmente em cada uma das disciplinas.

Sabedora de que a prática enriquece o processo de ensino-aprendizagem, Marcia planejou variadas situações teórico-práticas, como o contato com duas voluntárias ligadas à confecção de cucas vendidas pela Igreja Matriz em datas comemorativas. Na ocasião, Azurita Gotz Stefanes e Terezinha Martins fabricaram algumas cucas e conversaram sobre sua dedicação à essa atividade ligada diretamente a um tipo de turismo que ocorre de fato em nosso município: o turismo religioso. Visto que o turismo sustentável tem um papel fundamental na preservação das tradições e da cultura de um povo, permitiu-se com a aula prática entender que a gastronomia, bem como o artesanato e, principalmente, a fé, levam milhares de pessoas a se deslocar ao município para participar da Romaria de Nossa Senhora Aparecida que, neste ano, está na sua 40ª edição.

Dias depois, aprofundando-se, principalmente, nas atribuições do turista sustentável, houve uma saída de campo para conhecer a Casa do Artesanato localizada junto à Praça Arlindo Bess, em frente à rodoviária. Recepcionados pela Coordenadora dos Clubes de Mães, Sandra Zaia, todos puderam apreciar a produção de diferentes artesãos, além de participar da confecção de garrafinhas decorativas, uma atividade que dá a muitos a chance de gerar renda e manter vivo um tipo de arte passada de geração em geração.

Em outro momento, lembrando-se sempre de respeitar as diferentes crenças do grupo, estudou-se sobre a relevância do Monumento de Nossa Senhora Aparecida dentro do contexto da romaria e se descobriu que este fora pensado, projetado e executado por profissionais da Estrutural Zortéa. Por isso, a fim de se obter dados com quem bem vivenciou a criação, convidou-se os diretores da empresa para uma conversa. Eduardo Zortéa e sua filha, a arquiteta Emanuelle Zortéa Falcão, estiveram na escola na última semana contando como se deu a idealização do monumento, assim como a dos diferentes portais que adornam as entradas da cidade. Por meio de uma conversa leve, entremeada por momentos de emoção, mostrou-se que a valorização do que é da terra não existe sem que se lembre de enaltecer e agradecer os cidadãos que abraçam o município e participam de ações que o projetam para além de seus limites geográficos.

Para a Diretora Vânia Scapini Lemos, presente nesses momentos de contato com agentes da comunidade, o Projeto Anual ensina a olhar com cautela e respeito para o mundo do outro. E o que se consegue ao final de um ano de trabalho conjunto entre escola e comunidade extrapola sempre as expectativas, transformando todos os envolvidos em seres humanos mais conscientes do que o mundo precisa para se manter saudável para as próximas gerações. Por fim, lembra que em novembro haverá a Feira do Conhecimento 2017, quando os resultados das atividades realizadas em todos os níveis de ensino serão apresentados à comunidade.

*Reportagem publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1499 de 05 de Outubro de 2017.

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