Gravidez na adolescência: início ou fim?

Camila Soares Borges

Olá jovens sedentos pelo saber! (Creio que assim posso chamar-vos) e também confio que previamente foram feitas as apresentações em uma edição anterior, porém, cá estou para dissertar sobre assuntos decorrentes desta fase medonha em que oscilamos entre a vida adulta e infantil sendo cercados por desejos além de pressões patriarcais e sociais. Na infinita busca por um tema interessante e importante para iniciar a coluna, pus-me sobre todos os fatos que já presenciei, e pude concluir que não há nada capaz de exercer tanto poder e mudar os rumos da vida adolescente quanto o nascimento de um filho.

Um fato resultante do carregamento de inúmeros aspectos em seu torno, mas de impacto indizível. Afinal de contas, na busca por experiências novas, uma vida pode se formar e interferir diretamente no curso de inúmeras outras vidas.

Compactuo que as formas arredondas do corpo feminino durante a geração de um novo ser podem ser por hora, uma das mais lindas façanhas humanas. Pois sobretudo, dignifica o porquê de estarmos aqui e construirmos impérios, garantindo a disseminação da espécie. É uma das razões para ajuntarmos conhecimentos e fortunas, destinando-as assim, para uma prole para zelá-la e cuidá-la futuramente.

Outro ponto, é a questão da estima pela beleza. Instintivamente, cuidamos de nossa aparência, tanto feminina quanto masculina, porque utiliza-se da mesma para conquistar e despertar desejos em ambos os gêneros até chegar ao ato de efetivação dos filhos. Parecendo, porém, que os jovens vêm querendo pegar alguns atalhos e estreitar caminhos impostos por nossos antepassados.
Sou favorável a transgredir alguns padrões e que a vida não pode resumir-se a uma organização politicamente correta, mas é necessário concordar que aspectos vem a calhar e se analisarmos tem a função de auxiliar-nos ao longo da nossa existência. E a questão da gravidez, é uma delas.

Não há como negar; cedo ou tarde será transgredida a racionalidade e impulsionados pelos hormônios e vontades, o ato sexual se efetivará. No entanto, mesmo com métodos contraceptivos, nunca há garantia total de que um filho não seja gerado. Sempre riscos estão sendo corridos e é importante ter consciência de que um simples momento com alguém poderá resultar em futuros papais e mamães. Além de tomar os cuidados anticoncepcionais, o principal zelo deve ser com quem está envolvido. Ultrapassando os limites que cita o filósofo Sócrates, além de conhecer a si mesmo, é fundamental ter noção de quem está envolvido conosco.

É necessário ter consciência de que um filho ou filha requer cuidados e no meio em que nos encontramos vários caminhos ruins podem ser seguidos e dificilmente revertidos se houver falhas na conduta patriarcal. Não é simplesmente gerar uma vida, dar de mamar, pagar algumas fraldas e tudo bem. É um compromisso desde o nascimento até praticamente os dezoito anos ou mais, verdadeiramente, para vida toda.

E em meio tudo isto, ainda existe um casal e suas famílias envolvidas e quando dizem que a mamãe pode também fazer papel de papai, é um dano para a criança. A figura paterna é extremamente necessária para o bem-estar do filho ou filha e a presença e amor dedicados devem partir de ambas as partes. Não foi um ato efetivado apenas pela jovem mulher.

Então, meus queridos jovens sedentos pelo saber, tomem cuidado. Não é errado ter uma prole cedo, o ruim são as consequências adjuntas. O maior problema do adolescente é a ilusão em achar que nunca acontecerá com ele ou ela mesma, quando ao invés de buscar a verdadeira orientação e métodos contraceptivos, pratica atos, geralmente irreversíveis.

Um breve acompanhamento ginecológico também é importante, afinal, cada corpo é um corpo, possui suas peculiaridades e o diálogo entre pais, filhos e alguém com conhecimentos específicos poderá evitar possíveis estresses futuros.

Impreterivelmente, o peso não pode recair apenas sobre a mamãe. Deveriam ser respeitados os momentos de conhecimento e estabilidade para depois pensar-se em uma prole. Mas se ocorreu o fato, sendo jovem consegue-se acompanhar melhor o filho, porém ninguém gostaria tão cedo, nem deveria destinar-se a responsabilidade apenas para a jovem mulher.

Se engravidar é o início ou fim, vai da mentalidade e maneira de proceder de cada jovem pai e mãe, mas pode-se complicar muitos possíveis futuros com uma vida a mais para dar-se conta. Como jovem, sei quantos sonhos e vontades carrego dentro do peito e se às vezes, dar conta de alguns compromissos torna-se cansativo, quem dirá com um bebê para cuidar.

Ainda o melhor caminho é a prevenção, educação e conscientização. Querido leitor, tanto menina quanto menino, sei que é difícil às vezes controlar alguns momentos, mas pensem um pouquinho. Ninguém pede para nascer, mas quando nasce merece ser tratado com amor. Pratiquem a empatia e ponhem-se no lugar do filho, porém sobretudo, questionem, busquem respostas e análises. É necessário tirar este tabu imposto ao longo dos anos e entender como um assunto de importância fundamental e necessária discussão.

Afinal, com o nascimento de um serzinho frágil, a vida dos pais e envolvidos modifica-se totalmente. Deixa-se de olhar para si mesmo e põe-se a criança no centro de tudo. É ótimo um bebê, mas em uma fase em que já é difícil lidar com a nossa própria bagunça interna e planejar o futuro, quiçá, pensar por nós e por um filho!

Por: Camila Soares Borges
Estudante

*Reportagem publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1544 de 30 de agosto de 2018.

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