Quando os gregos “criaram” a política, foi apenas uma nomenclatura específica para o ato de debater questões da vida em coletividade. Naquela época, viu-se a necessidade de o povo participar de decisões que interferiam no cotidiano de todos, estabelecendo em Atenas, uma democracia direta, ou seja, toda a população se reunia para debater assuntos corriqueiros. Atualmente, seria inviável se todos nós fossemos ao Congresso, portanto vivemos em uma democracia representativa, a qual escolhemos candidatos que nos representem e falam por nós.
E nesse meio tempo entre a democracia direta e representativa, a igreja e reis estiveram no poder, houveram feudos, colonização e somente após muita insistência conseguimos reconquistar o direito de escolher nossos representantes. Foram anos e anos até chegarmos ao que temos hoje: uma Democracia, um governo do povo. Que ouve as necessidades do povo e volta -ou deveria voltar- para o povo.
A Democracia se fundamenta a partir da diferença. São apresentados vários pontos de vista sobre uma questão que interfere na vida de todos. Ela clama pela liberdade e pela diversidade. Devemos escolher representantes que saibam respeitar e ponderar todos os ideais possíveis, não apenas os ideais de um determinado grupinho de pessoas. A partir de uma Democracia são levados em conta diferentes caminhos para conseguir-se solucionar um problema da melhor maneira possível, somando todas as perspectivas. Não está em jogo a decoração da nossa festa de quinze anos, mas decisões que afetam milhões e milhões de pessoas. Por isso, a política deve ser discutida, sim!
Mas uma discussão aberta, sem aquela vibe de “oito ou oitenta”. Ouvindo as opiniões de quem pensa diferente de nós, estando aberto às mudanças. Não podemos ser compostos de verdades inabaláveis. Mais uma vez, precisamos saber escolher as melhores pessoas para comandarem nosso país como um todo, -lembrem que não é a decoração da nossa festa de quinze anos que está em jogo-. Dizer que política não se discute não faz sentido. É o mesmo que dizer que uma música não foi feita para ser ouvida. A política não é um bem individual, mas de todos. Portanto, é necessário que seja fundamentada a partir do diálogo e análise de diferentes pontos de vista.
E como já disse, foram anos e anos de luta, e ainda ouvimos por aí pessoas falando que não vão votar ou que votarão em branco. Saibam que a partir do momento em que se vota em branco, não é uma forma de protesto, é uma anulação. É concordar com a maneira como as coisas estão. Simplesmente ao computar os votos, os brancos e nulos serão desconsiderados e ponto final. E aos que argumentam: “mas não tem nenhum candidato bom! ”, tenham consciência de que são mais de quinhentas mil pessoas que concorrem aos cargos públicos. Um presidente não comanda sozinho, há senadores, deputados federais e estaduais e governadores. Sempre haverá alguém que nos represente, ou pelos menos pense um pouco igual a nós.
Como premissa básica, na escolha de um governante -não é a decoração da nossa festa de quinze anos que está em jogo, mas o futuro da nação- é necessário efetivarem-se pesquisas. Buscar primeiro de acordo com o cargo, depois com o partido. É importante também prestar atenção nas coligações que cada partido faz e nos vices dos políticos. Na hora da escolha, devemos estabelecer uma prioridade pessoal e uma urgência da sociedade e procurar candidatos que se encaixem nelas.
É importantíssimo pesquisar o passado dos candidatos e o que já fizeram em cargos anteriores. Há inúmeros aplicativos que permitem acompanhar as ações de cada político, como o Vigia Aqui, Meu Deputado, Politize, o site do TSE e no gazetadopovo.com.br/eleicoes/2018/candidatos/ podemos encontrar uma lista com todos os candidatos, sua ficha e propostas. Também é muito importante os seguir nas redes sociais, assistir aos debates e entrevistas. E como já falei, sempre debater nossas ideias com as pessoas que nos cercam. Compartilhar conhecimento também é um ato político.
Inicialmente, ao escolher ou conversar com alguém sobre candidatos e aspectos políticos, devemos optar por representantes que defendam os direitos humanos e saber suas opiniões sobre assuntos polêmicos. Sobretudo, devemos entender que somos seres influentes e poderosíssimos, o futuro de toda uma nação está na ponta dos nossos dedos e podemos colocar ou tirar quem quisermos do poder. A “alfabetização” política deve ocorrer desde cedo, fundamentando-se na politização de toda uma geração. Apenas conseguimos lutar por algo e mudar o mundo à nossa volta tendo estudo e conhecimento sobre as causas que defendemos e começando a modificar as pessoas que nos cercam, mostrando outros caminhos e pontos de vista. Os adolescentes têm o papel trazer um novo olhar ao cenário político, tendo como premissa básica formarem-se cidadãos críticos, politizados, donos de uma mente aberta e visionária, revendo antigos conceitos e reeducando-se politicamente. Como diz respeito a decisões que interferem na vida de todos, a política deve ser discutida e compreendida não apenas como um “assunto para adultos”, mas como um assunto coletivo e que deve-se fazer presente nos almoços de família, salas de aula e conversas cotidianas. Queridos jovens, saibam que nada deve ser tão zelado e nada é tão nosso e de todos ao mesmo tempo quanto o sistema político.
É fundamental debatermos, conhecermos e nos interessarmos por ele.
Por: Camila Soares Borges
Estudante
*Coluna publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1551 de 18 de Outubro de 2018.