Estes dias durante a aula de educação física, uma colega cutucou-me com os olhos cheios de lágrimas e disse: “poxa Camila, não sou boa em nada! ” Arrepiei-me e tudo o que mais queria era a ter puxado para mim, lhe dado um abraço apertado e mostrado o quanto a admirava, mas fui surpreendida com o professor gritando que deveríamos parar com fofoquinhas durante o jogo e saí correndo pela quadra.
Mas em meio à partida de futsal, a frase que ela disse não parava de ecoar em meus pensamentos: “não sou boa em nada”. Ora, se algum dia eu encontrar a pessoa que determinou que precisamos obter certa quantia de pontos em uma prova, alcançar certo biótipo corpóreo, ser fluente em três línguas antes dos dezoito anos, estudar em período integral e manter uma vida social, fazer a faculdade fora do país ou ir bem em química e filosofia ao mesmo tempo, por exemplo, irei lhe questionar o porquê de tantas exigências para seres tão complexos e ao mesmo tempo tão frágeis.
O pior de tudo, não são os padrões. Mas nós que acreditamos precisar deles para sermos “alguém na vida”. Poxa, ninguém consegue ser bom em tudo! Montaigne, um humanista francês diz que a natureza não agracia apenas uma pessoa com todos os dons. E se ficamos nos inspirando nos famosos do Insta que parecem ser maravilhosos, basta dar um Google com a frase “Antes e depois da fama” e teremos uma surpresa. É um erro buscar pessoas perfeitas, porque simplesmente, elas não existem!
Ninguém consegue ser bom em tudo, e essa é a beleza da vida. Mostra o quão somos plurais e com necessidades específicas. Conversando com um amigo meu, estes dias, ele falou: “conheço uma menina igual a você, porém ela gosta de animais ao invés de letras” e que incrível! Se o meu mundo é das palavras e o dela é dos bichos não quer dizer que uma seja melhor do que a outra, mas que em um meio tão diversificado quando o nosso, nós duas somos importantes!
Para cada talento existe uma infinidade de oportunidades! Se por acaso, não somos tão bons assim em matemática existem milhões de outras áreas que possamos dominar. Não há apenas uma possibilidade. A diversidade é a grande jogada da vez! Vários caminhos podem conduzir-nos aos mesmos resultados.
A sociedade precisa disso, pessoas criativas, inovadoras e com diferentes perspectivas.
Todos temos capacidade para sermos o que quisermos. Dentro de nós há ilimitadas qualidades, basta enxergarmos e explorá-las.
Por: Camila Soares Borges, Estudante
*Coluna publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1574 de 18 de abril de 2019.