Segundo o portal Gazeta do Povo, a indústria de saúde animal tem intensificado investimentos no bem-estar de suínos, uma prática que vem se consolidando como estratégica para a moderna suinocultura brasileira. Além da importância ética, o cuidado com os animais impacta diretamente na qualidade da carne, na produtividade e na rentabilidade do produtor.
Um estudo publicado em 2014 na Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental já havia demonstrado a ligação entre o estresse dos animais e a queda na qualidade da carne. Produtos classificados como PSE (pálida, mole e exsudativa) ou DFD (escura, firme e seca) resultam da ausência de bem-estar e comprometem a vida útil dos alimentos.
Inovação tecnológica: vacina três em um
Entre as novidades apresentadas no Simpósio Brasil Sul de Suinocultura 2025, em Chapecó (SC), destacou-se uma vacina de dose única que combina imunização contra três dos principais patógenos que afetam suínos:
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Circovírus tipo 2 (PCV2) – ligado à perda de peso e doenças respiratórias e reprodutivas;
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Mycoplasma hyopneumoniae – causador de pneumonia altamente contagiosa;
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Lawsonia intracellularis – responsável pela ileíte, doença que provoca perda de rendimento.
De acordo com Fernando Chucid, diretor da unidade de negócios de Suinocultura da MSD Saúde Animal, a ileíte pode gerar prejuízos relevantes:
“É um processo de degradação do íleo, parte do intestino, que compromete o ganho de peso, pode causar diarreia e até mortalidade, além de reduzir o rendimento de tripa para linguiças.”
A aplicação em dose única de 2 ml reduz custos e, principalmente, o estresse dos animais, já que diminui o número de injeções necessárias. A empresa estuda ainda o uso de um dispositivo intradérmico, sem agulha, considerado menos doloroso e mais seguro.
Bem-estar e concentração produtiva
Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), bem-estar animal significa garantir que os animais estejam saudáveis, bem nutridos, livres de dor e em condições que permitam o comportamento natural da espécie.
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No Brasil, esse esforço tem forte impacto econômico. Dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) de 2024 apontam que a Região Sul concentra 73,13% da produção nacional de suínos. Santa Catarina lidera com 32,94% do total, seguida por Paraná (20,62%) e Rio Grande do Sul (19,57%).
A maior parte da produção abastece o mercado interno, mas cerca de 25% é destinada à exportação. O consumo per capita de carne suína no Brasil cresceu de 15,3 kg em 2019 para 18,6 kg em 2024, uma alta de 21,6%.
Perspectivas para a suinocultura
O avanço tecnológico e a adoção de práticas de bem-estar animal são hoje diferenciais competitivos. Ao mesmo tempo em que atendem à demanda dos consumidores por produtos mais éticos e de qualidade, também ampliam a eficiência dos sistemas produtivos.
O cenário indica que o investimento em sanidade, imunidade e manejo deve se intensificar, especialmente nas regiões de maior concentração produtiva, consolidando o Brasil como um dos protagonistas da suinocultura mundial.
Fonte: Gazeta do povo


