Tabagismo é considerado doença e não apenas como hábito

Campanhas antitabagistas não tem muito efeito nos fumantes

Dia 31 de maio foi instituído pela Organização Mundial de Saúde como o dia Mundial contra o tabaco, a data tem como objetivo lembrar a todos sobre os riscos decorrentes do uso do cigarro, e alertar que inúmeras doenças e mortes poderiam ser evitadas sem o uso do tabaco. O médico pneumologista Márcio Ávila afirma que o tabagismo é apenas um vício, mas é uma doença, por isso requer tratamento e o fumante precisa estar determinado a parar. Atualmente cerca de 20 % dos brasileiros fumam, e por incrível que pareça a maioria deles reconhece os malefícios, mas mesmo assim continuam a fumar. Nas décadas de 80 até o ano 2000 os números de fumantes diminuíram, mas nos últimos cinco anos esse número se estabilizou , significando que desde então poucas pessoas largaram o tabagismo. Mas se não é por falta de conhecimento, qual será a raiz do problema?

O Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), no Brasil é o Centro Colaborador da OMS para controle do tabaco, e o órgão juntamente com as secretarias de todo o Brasil empreendem atividades antitabagistas, principalmente nesta data. As campanhas ganham destaque e divulgação nas mídias, mas nem sempre tocam quem realmente importa, que são os fumantes. Será que simplesmente as pessoas não se importam com as consequências do fumo, nem mesmo quando veem aquelas fotos assustadoras impressas nas carteiras de cigarro? Se elas são conscientes de tudo isso, porque continuam viciadas num habito tão maléfico. A dona de casa, N.A, que prefere não se identificar, confessa que é consciente de tudo que o tabaco pode causar, mas também afirma que é muito difícil se livrar do vício. Fumante desde jovem, N.A., relata que já tentou inúmeras vezes parar de fumar, mas infelizmente não consegue. Segundo ela o ato de fumar funciona como um calmante quando ela está nervosa. “Eu paro e volto, paro e volto. Quando eu estou com raiva, estou ansiosa, estou triste eu vou atrás de um cigarro. Eu sei que faz mal, mas é difícil, é quase como um calmante pra mim”, reclama.

Essa situação se enquadra no que o pneumologista Márcio Ávila explicou sobre o que está por trás do vício no cigarro. O cigarro é mais do que um simples vício provocado pela nicotina que causa uma sensação de prazer no fumante. Para ele o problema está correlacionado com doenças emocionais, como depressão e ansiedade, sendo assim, alguns fumantes usam o tabagismo como válvula de escape. “Essa ansiedade é favorecida pelo mundo moderno ansiogênico, que quer tudo pra ontem. E algumas pessoas recorrem ao uso de drogas, principalmente as drogas lícitas como o cigarro para aliviar um pouco a ansiedade”, diz.

Diante deste quadro nota-se que o problema deve ser atacado na raiz e não apenas nos efeitos. A maioria dos fumantes é conciente, mas seu estilo de vida, obrigações, e demandas diárias podem levá-lo a ignorar os riscos e simplesmente buscar um momento do dia em que vai sentir prazer, e será fumando. “Desacelerar”, segundo Marcio é um bom começo para mudar o estilo de vida de quem quer parar.

Mas primeiramente o paciente precisa querer e se auto conscientizar que precisa parar, e se ele não conseguir é preciso procurar ajuda. Não basta apenas força de vontade, em muitos casos, a pessoa realmente precisa de ajuda um profissional para detectar os motivos por trás da necessidade de fumar.

Márcio aconselha que o melhor é a pessoa buscar ajuda médica, que após a avaliação será indicado o melhor tratamento ao fumante, podendo inclusive encaminha-los a psicoterapia.

Vale apena lembrar

Nunca é demais falar sobre os riscos do cigarro, pois o mal que ele causa traz efeitos não só ao fumante ativo, mas também, as pessoas que convivem com ele. O tabagismo favorece doenças em todo o corpo. Doenças pulmonares, bronquite, enfisema, câncer de pulmão, câncer de boca, câncer de língua, câncer na bexiga, no pâncreas e nos rins. Aumenta os riscos de doenças no coração como infarto e insuficiência cardíaca, e problemas no cérebro como avc e derrame. A maioria dessas doenças pode levar a óbito.

*Reportagem publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1531 de 31 de Maio de 2018.

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