Sojicultores de Campos Novos iniciam plantação do grão

Soja vive momento grandioso no Brasil e em Campos Novos, mas cenário positivo corre o risco de queda nas próximas safras.

O plantio simbólico da soja aconteceu no dia 30 de setembro om o evento nacional realizado em Campos Novos, mas na prática a semeadura deve ocorrer nos próximos dias. A janela de plantio do grão vai do início de outubro ao final de novembro. Os sojicultores de Campos Novos, principalmente os mais tecnificados, estão na expectativa de uma safra recorde, e não veem a hora de começar o plantio que acabou atrasando devido as fortes chuvas ocorridas. Dada a largada para o plantio, é só esperar a colheita prevista para os meses de fevereiro a abril. Com o grão em alta quase de metade da produção já foi contratada por preços significativos, com o valor da saca avaliado em cerca de R$ 160,00.

Ninguém para conhecer melhor sobre este negócio do que o produtor rural que dia a dia está no campo cuidando para que as lavouras sejam bem sucedidas. José Antônio Chiochetta, mais conhecido como ‘Chico’, produtor rural há 33 anos e associado da Copercampos há 22, falou sobre o atual cenário da soja, os desafios e a prática do homem do campo durante todo o ano. Dono de 1600 hectares de terra, sendo 1100 hectares destinados ao plantio de soja, ele tem a ajuda do filho Marcos Adriano, que é agrônomo, e da equipe de assistência técnica disponibilizada pela Copercampos. Com o suporte e os investimentos feitos ao longo do tempo ele se tornou um grande produtor e hoje comemora o bom momento do grão. “A expectativa para esta safra de 2021/2022 é muito boa. Os preços também estão bons. A lavoura será feita com o custo razoável para quem adquiriu os insumos lá atras. Os preços de contrato futuro estão bons. O produtor já vendeu 50% da safra com o valor em torno R$ 160,00, considerado um preço bom. No meu caso cerca de 50% já estão comercializadas”, afirma.

Mesmo com o cenário sinalizando uma boa safra há situações que podem dificultar a vida do produtor, conforme apontou Chico. “Estamos enfrentando um clima de la ninã. Isto traz muitas incertezas porque a chuva do mês pode cair em apenas poucos dias e os demais dias não ter chuva nenhuma. Para os produtores que tem um solo bem corrigido, descompactado e com uma boa cobertura a La ninã acaba não sendo um problema grande.

Os produtores são sempre incentivados a fazer um bom plantio, pois irá diminuir os riscos caso ocorra uma estiagem”, diz, completando que a questão dos custos também podem ser impactantes. “Os produtores que não se prepararam terão que pagar preços altos. Hoje o custo de produção está alto. O fertilizante subiu 150%, os químicos aumentaram 50%. A rentabilidade do produtor que deixou para comprar os insumos em cima da hora será neutra”, alertou.

Que a rentabilidade e lucratividade dos produtores nesta safra de 2021/2022 será boa, isso ninguém dúvida, porém quem acha que o trabalho no campo começa só agora com a semeadura, está muito enganado. Para garantir os bons resultados a dinâmica no campo é constante. As atividades são realizadas diuturnamente durante todo o ano, sem tempo para descanso. “Nós começamos os trabalhos em junho e julho quando plantamos trigo, e em outubro começamos a plantação de soja. Em novembro colhemos o trigo e plantamos o restante da soja. Em dezembro começa a plantação de feijão, em fevereiro iniciamos a colheita do milho e a soja que se estende até o final de abril. Nós não paramos. Estamos fazendo cobertura, plantando, colhendo, fazendo a conservação do solo com calagem, aplicação de calcário e correções necessárias para as próximas safras. O produtor bem tecnificado que quer ter bons resultados trabalha o ano todo”, enfatiza José Antônio.

Uma empresa ao ar livre certamente enfrenta muitos desafios que podem inclusive comprometer uma safra recorde, como esta que está sendo aguardada. Segundo ele os maiores desafios dentro das propriedades envolvem a questão climática, o surgimento de pragas, os custos de produções que podem ser alta, e a dificuldade na gerencia. No entanto, ele diz que há muitas opções disponíveis ao produtor para evitar danos e proteger as lavouras.

Chico enxerga um futuro promissor para a agricultura de grãos, porém, prevê uma tendência para o futuro. “A parte de grãos é muito promissora, o mundo vai precisar de muito alimento. Mas vejo que a tendência é diminuir o número de produtores. É possível que os produtores menores saiam de atividade devido as margens pequenas de rentabilidade e arrendamentos caros. Acredito que este setor vá passar de pai para filho, através da sucessão. No meu caso já tenho um filho que este envolvido no ramo, e o mais novo, de 14 anos, também pretende fazer agronomia para dar continuidade ao trabalho. Já estou me preparando para a sucessão”, garantiu o produtor.

*Reportagem publicada no ‘Jornal O Celeiro’, edição, 1699 de 21 de outubro de 2021.

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