Safra recorde com alta produtividade e estrangulamento na armazenagem

Estimativa de safra recorde de grãos é de 227,9 milhões de toneladas conforme último informe de safra divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A safra de grãos 2016/17 deve chegar a 227,9 milhões de toneladas, com aumento de 22,1% ou 41,3 milhões de toneladas frente as 186,6 milhões de toneladas da safra passada. A previsão está no 7º Levantamento da safra, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Para a soja, a expectativa é de crescimento de 15,4% na produção, devendo atingir 110,2 milhões de toneladas, com aumento de 14,7 milhões de toneladas em relação à safra anterior e ampliação de 1,4% na área, que deve chegar a 33,7 milhões de hectares.

No caso do milho total, a expectativa é de que alcance 91,5 milhões de toneladas (37,5% de crescimento), com 29,9 milhões de toneladas na primeira safra e 61,6 milhões na segunda. A área total do milho deve alcançar 17,1 milhões de hectares (ampliação de 7,3%). No total, milho e soja representam quase 90% dos grãos produzidos no país.

A produção de feijão total estimada é de 3,29 milhões de toneladas, com área total de 3,1 milhões de hectares. A safra está finalizando, com preços razoáveis em março e neste mês de abril, entre R$ 150,00 a R$ 170,00 o saco, mas com perspectiva de queda com a colheita do produto no Paraná.

O Diretor Executivo da Copercampos e Operador de Mercado, Clebi Renato Dias, avalia que é uma safra de alto custo, em que o produtor apostou tudo em tecnologia, especialmente na região de Campos Novos, conhecida pela sua tecnologia de ponta, quando se fala em produtividade. “Uma região onde se busca a produtividade como moeda em termos de obter o máximo possível que um grão pode dar por hectare. Temos surpresas de todos os tipos, agradáveis, que são as produtividades que estão sendo atingidas na soja de até 85 a 90 sacos, que não é uma média, mas tem produtores comemorando estes números. E a nossa média subindo para acima de 65 sacos, que no ano passado foi ao redor de 57 por hectare”. No milho a alta produtividade também se confirma, com uma produção de 200 a 230 sacos por hectare, observou o Diretor.

Clebi Renato Dias

Muita ajuda do céu e trabalho em dobro na terra. Com clima favorável e o produtor apostando na produtividade, deve-se colher uma das maiores e melhores safra da história, com sufoco no armazenamento. “As empresas estão tendo problemas, todas elas, a Copercampos também, de na hora da entrega haver um sufoco, um estrangulamento com todos os produtores colhendo ao mesmo tempo, mesmo que se tenha armazém para guardar, quando vai passar nas moegas e secadores, há dificuldades. A Cooperativa tem movimentado quase 80 mil sacos por dia de caminhões entregando e mandando para todos os lados. Mesmo com toda a prevenção feita neste sentido, temos lugares no Rio Grande do Sul onde vamos deixar de receber até 200 mil sacos”.

A colheita segue para finalização e conforme estimativa de segunda-feira, 24, do setor responsável pelas 33 unidades de armazenamento da Copercampos em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a previsão é do recebimento de 2.848.000 sacas de milho, com a entrega consumada de 2.442.414 (85%) desta estimativa. Na soja a previsão é do recebimento de 7.238.000 sacas com 5.726.542 (79,12%) do produto já entregue pelos produtores até a última segunda-feira.

Produtor apostou menos no mercado futuro de soja e perdeu

Produto de alta liquidez, a soja pode ser negociada com facilidade no mercado futuro. O produtor, porém, preferiu não arriscar e apenas 8% apostaram nesta modalidade de comercialização.

Conforme Clebi Renato Dias, o produtor perdeu de vender o produto a melhor preço, além de enfrentar alguns problemas de logística. “A gente sempre aconselhou vender 30% do que prevê colher para já garantir seu financiamento e custos iniciais e esse ano foi um dos anos que se passou com menor índice vendido, com apenas 8%, isso também prejudicou. Hoje você vai querer entregar no porto ou despachar a soja para algum lugar, só se aceita produto vendido, não se aceita produto a fixar, deu um estrangulamento. Além do produtor ter deixado de vender a preços excelentes ao redor de R$ 80,00 por saco, hoje está em R$ 58,00 a R$ 59,00, perdeu muito dinheiro, além de causar alguns problemas logísticos”.

A alta produtividade, porém, ameniza os prejuízos do produtor, mas a expectativa é de uma reação no mercado. “A expectativa agora fica por conta da safra dos Estados Unidos e aqui no Brasil, internamente, a variação do câmbio. “Se tivesse melhor esse mercado, naturalmente ajudaria todo o Sul do Brasil, que depende da comercialização de soja e milho. Então hoje esse preço, tem dois fatores que podem mudar este cenário, que é um problema climático nos Estados Unidos que estão plantando agora e aqui no Brasil internamente é o câmbio, que no ano passado nesta época estava ao redor de R$ 3,50 a R$ 3,60 e esse ano está entre R$ 3,10 a R$ 3,20, que também seria um índice que se subisse ajudaria o produtor a melhorar a sua receita. Esses fatores seriam para o milho e a soja”, esclareceu o Diretor.

Reflexos da safra recorde na indústria da carne

“Vai ajudar bastante a indústria de carne, já que o milho é um consumo direto para nossa indústria de ração, inclusive foram viabilizados programas no ano passado para que o produtor plantasse mais. Historicamente vai ser a maior safra da história do Brasil, deixando tranquilo quem compra milho nas agroindústrias. A soja também vai para ração em forma de farelo, 80% da soja é farelo e com esta baixa, quem está no ramo de carne, agroindústria e fábrica de rações, poderá alavancar bons resultados em 2017”, finalizou Clebi Renato Dias.

*Reportagem publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1476 de 27 de abril de 2017.

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