Sífilis: Mais de 50 casos em Campos Novos

Objetivos no estado são de aumentar a cobertura da testagem para sífilis nas gestantes durante o pré-natal, entre outras ações. Campos Novos tem mais de 50 casos de sífilis registrados entre os grupos de bebês, gestantes, homens e mulheres.

camiEliminar a transmissão de sífilis da mãe para o bebê em todo o estado de Santa Catarina até 2019 é o grande objetivo do Plano de Redução da Sífilis Congênita que está sendo construído pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica – Dive, da Secretaria de Estado da Saúde.

No ano passado, 475 bebês nasceram com a doença no estado – número 75% maior do que o registrado no ano anterior, quando as notificações de sífilis congênita totalizaram 272 casos. A sífilis congênita pode causar aborto, má formação do feto e até morte do bebê.

“A sífilis tem cura, desde que o tratamento seja feito oportunamente. A partir do tratamento adequado da gestante e do seu parceiro sexual, o bebê nasce livre da doença, ou seja, a sífilis congênita é 100% evitável”, enfatiza Dulce Quevedo, gerente de Vigilância das DST, Aids e Hepatites Virais da Vigilância Epidemiológica Estadual. O tratamento é realizado com antibióticos indicados por um profissional de saúde. No caso das gestantes, o único antibiótico indicado é a penicilina, cujo abastecimento já está normalizado no estado.

Em Campos Novos, são 3 casos de recém-nascidos com sífilis congênita, registrados neste ano de 2016. O Plano de Redução da Sífilis Congênita de Santa Catarina estabelece diversas estratégias a serem implementadas a partir de 2017, com a meta de melhorar a qualidade da atenção à saúde da mulher e do seu filho durante a gestação e o puerpério. Os objetivos são aumentar a cobertura da testagem para sífilis nas gestantes durante o pré-natal, bem como nos casais que estão planejando gestação; aumentar a cobertura de tratamento adequado nas gestantes com sífilis durante o pré-natal, incluindo o tratamento dos parceiros sexuais; e aumentar a cobertura de tratamento e o seguimento adequado dos recém-nascidos com sífilis congênita.

Plano requer envolvimento de todas as esferas de governo

O documento está baseado no protocolo do Ministério da Saúde e requer o envolvimento dos três níveis de governo, por meio da atuação dos gestores e profissionais de saúde. “É fundamental o comprometimento dos gestores e dos profissionais de saúde dos níveis estadual e municipais para garantir a operacionalização do plano nos municípios”, enfatiza Eduardo Macário, diretor da Dive.

Dentre as diversas ações e atividades previstas estão o fomento e o apoio aos municípios para realizar campanhas de educação em saúde para prevenção da sífilis; reforçar as orientações sobre a sífilis nas situações em que o casal procurar atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS); convidar o parceiro para acompanhar a gestante às consultas; divulgar vídeos e/ou orientações nas salas de espera da UBS. A testagem para sífilis deve ser realizada no 1°, no 2° e no 3° trimestre da gestação. Independentemente dos resultados, um novo exame deverá ser realizado no momento da internação hospitalar para o parto ou abortamento.

Para garantir o tratamento oportuno e adequado da sífilis gestacional, o plano prevê a intensificação, pelos municípios, da busca ativa das gestantes faltosas e a orientação para que instituam a ficha de acompanhamento da sífilis gestacional, a ser anexada ao Cartão da Gestante.

Outras ações pretendem investigar e tratar o recém-nascido antes da alta; conhecer e acompanhar os casos, sistematizar os dados e monitorar o tratamento da gestante; conhecer as vulnerabilidades dos serviços envolvidos no atendimento às pacientes com sífilis gestacional; investigar os casos de sífilis congênita para identificação das falhas ocorridas após o diagnóstico da sífilis gestacional e recomendar ações para a correção das mesmas; promover a formação e a atualização dos profissionais de saúde da Atenção Básica em relação ao diagnóstico e tratamento da sífilis com vistas a melhorar a qualidade do atendimento pré-natal.

Aumento de casos é mundial

Em Campos Novos, conforme informações da Vigilância Epidemiológica Municipal, são 55 casos registrados de sífilis em homens e mulheres, além dos 3 casos de sífilis congênita (crianças recém-nascidas) e 16 casos em gestantes, números de 2016, totalizando 74 casos notificados no município.

Os casos de sífilis vêm aumentando ano a ano no mundo, no Brasil e em Santa Catarina. A estimativa da Organização Mundial da Saúde é que 937 mil pessoas são infectadas a cada ano no país. Em Santa Catarina, os casos de sífilis adquirida vêm aumentando em torno de 50% ao ano. Em 2015, foram registrados 5.706 novos casos, um crescimento de 53,5% em comparação aos 3.716 novos casos notificados no ano anterior. Em relação às gestantes (notificadas separadamente), o incremento foi de 61%, passando de 777 em 2014 para 1.254 em 2015.

O teste rápido de sífilis é oferecido em todas as unidades de saúde do município, realizado de forma rápida, gratuita e sigilosa. Podem ser feitos com apenas uma gota de sangue (punção digital), e o resultado sai, no máximo, em 30 minutos.

O teste rápido detecta a sífilis mesmo que a doença tenha sido adquirida há muitos anos, possibilitando assim que o tratamento seja realizado a tempo de evitar o surgimento dos sintomas mais graves.

A doença

A sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema Pallidum e sua principal forma de contágio é através da relação sexual sem uso de preservativo, inclusive por sexo oral. Outra forma importante de contágio é a da mãe infectada para o bebê, durante a gravidez e o parto. Apesar de rara nos dias de hoje, pode ocorrer também transmissão por meio da transfusão de sangue contaminado.

Inicialmente, a sífilis se manifesta como uma ferida nos órgãos genitais e ínguas nas virilhas, que desaparecem espontaneamente e podem passar despercebidas. Após alguns meses, surgem manchas no corpo e queda de cabelo que também cessam sem tratamento. Nessas fases, a sífilis é altamente contagiosa e a pessoa continua doente e transmitindo a doença, mesmo aparentando melhora.

Quando não há tratamento adequado, a doença fica estacionada por meses ou anos, até surgirem complicações mais graves como cegueira, paralisia, doenças cardíaca e cerebral que podem tanto deixar sequelas importantes como levar à morte.

*Reportagem publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1452 de 27 de outubro de 2016.

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