Moda como Identidade e Cultura

Em constante evolução, a Moda dentro e fora das passarelas representa hábitos, costumes e a identidade de determinada época, representando um fenômeno cultural.

Bethania Marin

Quem nunca ouviu dizer que Moda dita tendências? Embora a primeira impressão que nos chega quando se fala em Moda é o fator consumo, há muitos outros aspectos a se considerar. Em constante evolução, a Moda além de satisfazer as necessidades do ser humano, abrange em sua essência elementos estruturais de uma sociedade.

Para a estudante, blogueira e colunista de Moda do Jornal O Celeiro, Bethânia Marin, a Moda traduz ao longo dos séculos, uma ligação cultural, social e história da humanidade. “A moda não é algo supérfluo, que pode passar despercebido ou ser vista simplesmente como bonito e estético. Está relacionada diretamente à cultura e história da sociedade em épocas distintas. Muitos estilistas abordam em seus desfiles, por exemplo, por meio de frases em camisetas, problemas sociais e denunciam outros fatos que interferem diretamente na vida das pessoas, almejando por mudanças”.

Bethânia considera também que o modo de vestir mostra muito da identidade e cultura de um povo, além da construção do modo de ser das pessoas, a forma como elas se apresentam à sociedade e querem ser vistas. “Cada povo tem uma característica, uma história, que pode ser visualizada por meio da Moda, ou seja, da forma como se vestem. Muitos adereços tem um significado profundo sobre a cultura, religião e modo de vida, que devem ser respeitados. O jeito que a pessoa se veste revela muito sobre a imagem que ela deseja passar e a cada nova tendência, as pessoas procuram novas inspirações”.

Conforme a blogueira, a cada movimento social e mudança de comportamento, a Moda esteve e está presente, não só na forma de vestir, mas também no uso de adereços, estilos de corte de cabelos e maquiagem. Na conquista pela igualdade, Bethânia cita a trajetória das mulheres, que muitas vezes se manifestaram por meio da Moda, como forma de protestar e exigir seus direitos.

Proporciona ainda o encontro de gerações. “Por exemplo, nós estamos em 2017, mas a Moda nos possibilita usar roupas que marcaram época nos anos 70, 80 ou 90, contando a história de várias gerações. Conhecendo as tendências de determinada época, nos aprofundamos na história, a forma como as pessoas se vestiam, como arrumavam os cabelos e a influência musical, tudo isso abrange a Moda”, afirmou ainda a colunista.

A Moda varia de acordo com o comportamento humano, a forma de comunicação da sociedade, os avanços da tecnologia, a arte e diversos outros fatores, representando, dessa forma, um fenômeno cultural. Pode inclusive segmentar grupos e desta forma, influenciar no mercado. Com o advento da internet e redes sociais, a Moda ganhou ainda mais visibilidade. “Temos sim os influenciadores digitais, que influenciam no pensamento das pessoas e na maneira das lojas anunciarem e venderem seus produtos”, analisou também a blogueira.

A moda, portanto, altera a identidade mundial e também a identidade pessoal de cada ser humano dentro da sociedade de consumo. O processo de globalização é o principal responsável por essa transformação da identidade cultural da sociedade. As mudanças são rápidas, constantes e reflexivas. Desse modo, a moda apresenta uma relação particular com a sociedade, possuindo um código próprio, representando uma linguagem cultural.

A cultura na moda está intimamente relacionada à ideia por trás das vestimentas e não apenas ao que elas são. O jogo de combinar peças e acessórios de moda permite passar um recado, uma mensagem a quem observa o propósito e não apenas vestir as pessoas, afirmam os estilistas. Dessa forma, fica ainda mais evidente a força que a moda possui nas relações sociais como geradora de opinião.

Por exemplo, consideremos uma coleção de moda de determinada marca. Uma coleção é muito mais que um conjunto de peças para o vestuário, ela representa um conceito e permite infinitas interpretações. É uma mensagem que o estilista deseja transmitir, ou seja, é uma ideia que ele pretende fixar no imaginário das pessoas. Estilistas consideram ainda que a diversidade de códigos existentes na sociedade proporciona inspiração suficiente para suprir todas as necessidades humanas de maneira concreta dentro da Moda. É uma forma de comunicação e arte em cada época específica. A cultura, portanto, dita a moda e é fonte inspiradora para diversos estilistas famosos nos seus processos criativos de coleções.

 

 

*Reportagem publicada no Jornal “O Celeiro”, Edição 1491 de 10 de agosto de 2017.

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