A pior das violências

Um caso de estupro de uma jovem em Campos Novos no final de semana chocou a comunidade. O ato nojento de violência sexual foi acompanhado de violência física. Ou seja, além de ter a sua intimidade violada, a vítima foi espancada pelo agressor em uma manhã de domingo em sua própria casa.

No mesmo final de semana outros dois casos de violência doméstica contra mulheres foram registrados pela Polícia Militar. Toda a semana há registro de casos de violência doméstica praticados contra a mulher em Campos Novos.

No Brasil em 2017, uma em cada três mulheres sofreram algum tipo de violência no último ano. Só de agressões físicas, o número é alarmante: 503 mulheres brasileiras vítimas a cada hora. Esses números, que mostram o persistente problema da violência contra as mulheres no Brasil, fazem parte de uma pesquisa feita pelo Datafolha e encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança.

22% das brasileiras sofreram ofensa verbal no ano passado, um total de 12 milhões de mulheres. Além disso, 10% das mulheres sofreram ameaça de violência física, 8% sofreram ofensa sexual, 4% receberam ameaça com faca ou arma de fogo. Ainda: 3% ou 1,4 milhões de mulheres sofreram espancamento ou tentativa de estrangulamento e 1% levou pelo menos um tiro. A pesquisa mostrou também que entre as mulheres que sofreram violência, 52% se calaram. Apenas 11% procuraram uma delegacia da mulher e 13% preferiram o auxílio da família. E o agressor, na maior parte das vezes, é um conhecido (61% dos casos). Em 19% das vezes, eram companheiros atuais das vítimas e em 16% eram ex-companheiros. As agressões mais graves ocorreram dentro da casa das vítimas, em 43% dos casos, ante 39% nas ruas.

O levantamento do Datafolha apontou ainda que 40% das mulheres acima de 16 anos sofreram algum tipo de assédio, o que inclui receber comentários desrespeitosos nas ruas (20,4 milhões de vítimas), sofrer assédio físico em transporte público (5,2 milhões) e ou ser beijada ou agarrada sem consentimento (2,2 milhões de mulheres). Os dados foram divulgados em reportagem da Revista Exame, por ocasião da passagem do dia da Mulher neste ano de 2017, lembrado todos os anos em 08 de março.

Os números são importantes para reflexão e alerta à sociedade sobre esta realidade cruel que nos cerca, que precisa com urgência ser combatida. Embora muitos avanços tenham sido alcançados com a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), ainda assim, em 2016, foram registrados 4,8 assassinatos a cada 100 mil mulheres. É preciso dar um basta e colocar esses agressores sim como criminosos e mantê-los afastados da sociedade, na cadeia. Para isso é necessário que a denúncia aconteça e seja levada adiante pelas mulheres vitimadas.

Mulheres e sociedade não devem se calar diante de tamanha covardia e crueldade.

Por Antônia Claudete Martins – Editora Chefe

*Editorial publicado no jornal “O Celeiro”, Edição 1508 de 07 de dezembro de 2017.

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