Ouvindo o áudio para escrever a matéria sobre autismo, ouvi por várias vezes a frase de uma pedagoga que dizia: “Inicialmente existe um luto grande (por parte dos pais), uns vivem o luto por muito tempo e outros vão à luta para se desenvolver da melhor forma.” Quem tem algum parente próximo com o autismo sabe que é assim mesmo que acontece. A confirmação do diagnóstico é quase como um luto. É como perder o chão por algumas horas, alguns dias. Só quem passa pela situação é que sabe a sensação.
Durante os nove meses de gravidez os pais fazem inúmeros planos para os filhos, e já imaginam como a criança será no futuro. Mas agora tudo parece incerto. Ele age diferente, não presta atenção em quase nada, poucas coisas chamam sua atenção. No início alguns se negam a admitir e a aceitar o fato de que o filho é diferente e protelam um diagnóstico e um tratamento que quanto mais cedo iniciar, mais efeito terá sobre a criança. Negar só dificulta a vida dos pais e dos filhos.
Mas o luto e negação precisam ser superados, é preciso ir à luta. Eles são diferentes sim, mas vão precisar de muito amor, atenção e cuidado por parte dos pais e familiares. E mesmo que seja difícil lidar com a situação, eles vão te surpreender e te ensinar muita coisa, inclusive a ser uma pessoa melhor. Quase todos os pais que conheço dizem isso.
Apesar dos avanços em pesquisa e estudos sobre o transtorno do espectro autista, ainda é necessário mais. Felizmente muitos tratamento e terapias estão sendo desenvolvidos para ajudar os autistas a melhorar a comunicação e a interação social, alguns até conseguem ser inseridos no mercado de trabalho. Mas ainda é preciso mais conhecimento, mais inclusão.
Os pais devem persistir, gritar e lutar para que seus filhos sejam vistos, eles precisam ganhar cor, precisam ser percebidos pela sociedade. O poder público precisa enxergar os diferente, o Brasil precisa de associações que se interessem pelos menos favorecidos.
Os pais que lutam por isso estão de parabéns por não desistir. Só eles sabem como é difícil a luta diariamente. Mas os pais, às vezes cansam, e eles também precisam de apoio. A Associação de Pais e Amigos do Autista de Campos Novos, a AMA, está de parabéns pelo trabalho que realiza, não apenas pelos autistas, mas também pelo que fazem pelos pais. Pela orientação que dão aos pais perdidos e desorientados. Essa ajuda é essencial pra eles. Esse apoio renova as forças e a esperança.
As dificuldades são muitas, mas o luto tem que acabar. É hora de seguir em frente. Viva o autismo. Deixe seu filho perceber em você amor, não pena, ele pode não saber se expressar, mas percebe seus sentimentos. Ele provavelmente não vai corresponder ao seu amor da maneira que você espera, mas ele te ama, por isso continue na batalha. Lute com ele e por ele.
Por: Priscila Nascimento, Jornalista
*Reportagem publicada no jornal “O Celeiro”, Edição 1530 de 24 de maio de 2018.
